08 jan, 2025 - 15:50 • Alexandre Abrantes Neves
O governo e a Ordem dos Advogados (OA) vão criar uma “task-force” temporária para dar resposta aos processos pendentes dos deficientes das forças armadas.
Na assinatura do protocolo no Ministério da Defesa esta quarta-feira, o ministro Nuno Melo adiantou que o organismo deve entrar em funcionamento já no próximo mês de fevereiro. Estima receber, num primeiro momento, 200 pedidos e devem ainda juntar-se outros 400, a maioria de antigos combatentes da Guerra Colonial, segundo informou uma fonte do ministério da Defesa Nacional.
Atualmente, o tempo médio de espera situa-se nos sete anos – os primeiros cinco nos serviços do ramo das Forças Armadas (Força Aérea, Exército ou Marinha) onde o pedido é apresentado e os outros dois depois de transitar para a Direção Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN). É sobre este último período de anos que o ministério e a OA querem unir esforços – querem reduzi-lo para um máximo de 60 dias úteis.
Na cerimónia de assinatura, o ministro Nuno Melo falou de uma “questão de justiça” para com quem saiu com sequelas físicas ou psicológicas dos conflitos.
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“Os antigos combatentes são heróis de Portugal”, começou por referir. “O Estado tem em relação a todos uma obrigação permanente, que é a contrapartida dos sacrifícios que lhes pediu a seu tempo em nome da Pátria Portuguesa. (…) Esta é mais uma ação concreta e determinada para a correção de uma situação que eu considero grave (..) e que deve, sempre possível, ser feito em vida”, defendeu.
A “task-force” vai receber 40 advogados selecionados pela OA, a partir de um concurso que deve ser lançado no dia 27 deste mês e que, segundo a bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro, vai durar apenas uma semana.
“Vamos depois verificar se estão requisitos que são impostos, porque estamos a falar de uma contratação pública (…). As pessoas vão depois receber formação dos próprios serviços e depois é trabalhar rapidamente”, clarificou em declarações aos jornalistas.
A duração do organismo ainda não é conhecida, mas o ministro assegurou que funcionará o “tempo necessário” à resolução de todos os processos pendentes.
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Nuno Melo afirmou ainda que, terminados os trabalhos, espera que a “cadência de pedidos” seja menor e que, por isso, a DGRDN tenha capacidade para dar resposta. Ainda assim, garantiu que se “chegarmos à conclusão de que a resposta não é dada em tempo devido, voltaremos a pensar no que terá de ser feito”, garantiu.
A assistir à cerimónia, estava também Patuleia Mendes, dirigente da Associação de Deficientes das Forças Armadas. O antigo militar (que ficou invisual durante a Guerra Colonial em Angola) mostrou-se satisfeito com a medida, mas pediu “boa vontade” para resolver os problemas dos antigos militares que estão à espera “há anos”.
“No Hospital das Forças Armadas, há serviços que nem médicos militares têm. Este é um problema seríssimo. Enquanto não houver, não há juntas de inspeção. (…) Está uma embrulhada tremenda. Esperemos que chegue a bom termo rapidamente e que ninguém seja prejudicado”, rematou em declarações aos jornalistas.