09 jan, 2025 - 23:22 • Ana Catarina André Com Redação
O alargamento do aborto até às 14 semanas vai afetar fetos "completamente formados", disse à Renascença o diretor do serviço de ginecologia do Hospital de Santa Maria.
"Um feto de sete semanas não tem membros, por exemplo, não tem braços, não tem pernas visíveis, e tem órgãos que ainda se estão a formar e não estão na sua posição definitiva. Às 13 [semanas], todos eles já estão na sua posição definitiva e já estão a funcionar de uma forma regular para esse tempo. Por isso, passar das 12 para as 14, estamos a fazer a transposição na parte científica de um feto que ainda não tem uma formação completa para um feto que já está completamente formado como iria nascer no final", explicou o médico ginecologista, que explica ainda que quanto maior o tempo de gestação, maiores são os riscos para a saúde da mulher.
O Parlamento vai debater, esta sexta-feira, vários projetos de lei sobre o aborto. O PS propõe o alargamento do prazo das 10 para as 12 semanas, o PCP defende o alargamento para as 12 semanas e, em casos de perigo de morte ou de "grave e duradoura lesão", para 14 semanas. O Bloco de Esquerda e o Livre defendem o alargamento do prazo para as 14 semanas.
Vão ainda ser discutidos projetos de lei do CDS-PP, para regressar à lei aprovada no final da legislatura que terminou em 2015, e do Chega, pela "garantia de proteção à mulher grávida e ao nascituro em todas as fases e circunstâncias e o reforço da informação sobre redes de apoio e cuidados".