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Cientistas definem melhores práticas para infraestruturas face a incêndios rurais

13 jan, 2025 - 10:49 • Olímpia Mairos

Projeto House Refuge visa criar diretrizes que ajudam os cidadãos a transformar as suas habitações em abrigos seguros, usando técnicas passivas, como a gestão apropriada de combustíveis, boas práticas construtivas e técnicas ativas, como sistemas de aspersão.

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Investigadores da Universidade de Coimbra alertam que com as alterações climáticas a intensificar a frequência e severidade dos incêndios, as capacidades dos meios de proteção civil podem ser insuficientes em cenários extremos, sendo necessário fomentar novas abordagens em segurança e construção.

“É essencial que a população adote medidas de autoproteção eficazes”, diz Miguel Almeida, investigador principal do projeto House Refuge, liderado pela Associação para o Desenvolvimento de Aerodinâmica Industrial (ADAI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

O projeto visa “criar diretrizes que ajudam os cidadãos a transformar as suas habitações em abrigos seguros, usando técnicas passivas, como a gestão apropriada de combustíveis, boas práticas construtivas e técnicas ativas, como sistemas de aspersão”, explica.

Segundo os investigadores, as construções em Portugal têm mostrado vulnerabilidades que, apesar de corrigíveis, requerem intervenções planeadas, assinalando que diversos estudos no âmbito deste projeto, concluíram que “as casas tradicionais, quando bem concebidas e mantidas, podem servir como locais seguros em caso de incêndio, desde que rodeadas por áreas de gestão de combustíveis adequadas”.

De acordo o especialista Miguel Almeida, “a legislação atual exige uma faixa de segurança de 50 a 100 metros em torno das habitações e aglomerados, respetivamente, mas estas distâncias são, por vezes, inadequadas”.

O projeto propõe uma abordagem mais flexível e cientificamente sustentada, adaptada à topografia e perigosidade do local. Em áreas como encostas, por exemplo, uma configuração em elipse pode oferecer uma proteção mais eficaz do que o formato circular habitualmente aplicado”, aponta.

O projeto propõe também o uso mais frequente de técnicas ativas de autoproteção, nomeadamente sistemas de aspersão ou sistemas mais inovadores, como telas ignífugas.

“Quando a urbanização ou a proteção de valores ecológicos limita a criação de faixas de segurança passivas com dimensões legalmente exigidas ou efetivamente necessárias, os sistemas de aspersão de água podem atuar como uma barreira adicional contra a progressão das chamas, devendo servir como uma medida compensatória que permita flexibilizar a necessidade de uma faixa tão larga”, explica Miguel Almeida.

Em comunicado, é realçado que o Projeto House Refuge alcançou avanços significativos, incluindo a compilação de legislação nacional e internacional no âmbito da proteção de construções contra incêndios rurais, assim como a análise de casos de estudo. Estes esforços visam informar e influenciar futuras reformas legais e orientar melhores práticas construtivas.

“Entre os resultados obtidos até ao momento, destacam-se as recomendações para legislação adaptada à realidade portuguesa e às especificidades da interface urbano-florestal, a definição de melhores práticas construtivas para mitigar riscos em áreas rurais, e, ainda, a avaliação do mercado de seguros relativamente à cobertura de risco de incêndio, evidenciando a necessidade de reformas no setor”, lê-se no documento.

Para o investigador da ADAI, o projeto House Refuge é “um passo decisivo para que Portugal avance na sua capacidade de enfrentar incêndios na interface urbano-florestal, integrando componentes de proteção civil, sustentabilidade e inovação tecnológica”.

“Com uma abordagem multifacetada, o projeto promete criar comunidades mais resilientes e preparadas para o futuro”, remata.

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