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Inspeção-Geral de Finanças vai realizar inquérito sobre reuniões da Câmara de Lisboa

13 jan, 2025 - 19:45 • Lusa

O processo em inquérito tem a ver com a composição da autarquia durante a suspensão de mandato por parte do vereador Diogo Moura (CDS-PP), entre maio e dezembro de 2024.

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A Inspeção-Geral de Finanças (IGF) vai realizar um inquérito à regularidade das reuniões da Câmara Municipal de Lisboa, por determinação do ministro Adjunto e da Coesão Territorial, segundo uma comunicação enviada à presidente da Assembleia Municipal da capital.

A comunicação da IGF, a que Lusa teve acesso esta segunda-feira, foi enviada na sexta-feira, por e-mail, à presidente da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), Rosário Farmhouse (PS), informando que o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida (PSD), determinou, por despacho de 9 de janeiro, a realização de um inquérito à regularidade das reuniões da Câmara Municipal de Lisboa (CML).

Na comunicação é indicado quem vai realizar o inquérito, mas sem detalhar qual o processo em causa.

"O pedido foi feito pela CML e dirigido ao Governo", disse hoje à Lusa fonte oficial da autarquia, acrescentando que, no mesmo pedido, foi solicitado que a análise incida também "sobre um conjunto de substituições de vereadores" no mandato anterior do PS e "que suscitaram diversas dúvidas nos serviços municipais".

Fonte do município disse à Lusa que o processo em inquérito tem a ver com a composição da CML durante a suspensão de mandato por parte do vereador Diogo Moura (CDS-PP), entre maio e dezembro de 2024.

Em causa está o exercício de funções no executivo municipal por parte de Joana Oliveira Costa (CDS-PP), que substituiu Diogo Moura quando o autarca suspendeu o mandato entre 16 de maio e 31 de dezembro de 2024, devido a acusações de fraude em eleições do CDS-PP, processo judicial que foi arquivado sem julgamento.

A alegada irregularidade deve-se à existência de um outro membro do CDS-PP antes de Joana Oliveira Costa nas listas que concorreram às autárquicas de 2021 - Nuno da Rocha Correia -, que nunca recusou por escrito o mandato e continuou a participar em reuniões de câmara, em substituição de vereadores do seu partido, segundo o jornal Expresso.

Na quarta-feira, o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), aceitou pedir um parecer externo sobre alegadas irregularidades na substituição de vereadores do CDS-PP e decidiu que deve incluir a análise de situações ocorridas no mandato anterior.

Fonte do gabinete do presidente da CML disse à agência Lusa que a decisão surge na sequência da pronúncia do Departamento Jurídico da CML sobre "a existência ou não de alguma irregularidade" na composição do executivo municipal aquando da suspensão do mandato pelo vereador Diogo Moura (CDS-PP), entre maio e dezembro de 2024.

Nessa pronúncia, segundo a mesma fonte, o Departamento Jurídico da CML "recomendou a obtenção de um parecer externo" sobre a questão da participação do vereador Nuno da Rocha Correia na composição do executivo municipal.

O gabinete de Carlos Moedas indicou que a recomendação foi "aceite e dirigida de imediato ao órgão competente" e, no pedido, "foi solicitado que essa análise incida igualmente sobre um conjunto de substituições de vereadores ocorridas no mandato anterior [sob liderança do PS] e que suscitaram diversas dúvidas nos serviços municipais".

"Para que se dissipem quaisquer dúvidas que ainda possam pairar sobre a legalidade das participações pontuais do senhor vereador Nuno da Rocha Correia, na sua qualidade de vereador substituto, proponho ao senhor presidente da câmara municipal que solicite a emissão de parecer ao conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República", lê-se na pronúncia subscrita pela diretora do Departamento Jurídico da CML, Paula Pires Coelho, e datada de 20 de dezembro de 2024.

No documento, o Departamento Jurídico da CML refere que Nuno da Rocha Correia foi convocado para o exercício do mandato enquanto vereador e em substituição de Diogo Moura, mas "manifestou por escrito" a sua indisponibilidade para exercer o cargo de vereador executivo.

No parecer jurídico acrescenta-se que a indisponibilidade manifestada por Nuno da Rocha Correia era "temporária", tendo este participado em reuniões da CML enquanto vereador substituto.

"Poderá eventualmente questionar-se se estas participações o foram, porventura, em situação irregular", ressalva o Departamento Jurídico da CML.

Apesar da questão, os serviços jurídicos da autarquia concluíram não haver dúvidas sobre a "conformidade do exercício do cargo pela vereadora Joana Oliveira Costa".

A este propósito, o PS na Câmara de Lisboa propôs, na quarta-feira, pedir ao Governo uma sindicância para verificar a legalidade da composição do executivo municipal e das deliberações tomadas entre maio e dezembro de 2024, na sequência da substituição de vereadores.

A proposta dos socialistas tem ainda de ser agendada pelo presidente da autarquia para votação do executivo. O mesmo sucede com a iniciativa do BE para solicitar à IGF uma auditoria a todas as decisões da CML desde 16 de maio de 2024 e a todas as decisões tomadas pela vereadora Joana Oliveira Costa.

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  • Anastácio Lopes
    14 jan, 2025 Lisboa 11:50
    Era conveniente que a DRF e os que a dirigem, assumissem as suas responsabilidades, pois foi sobre si que caiu a responsabilidade de fiscalizar os modos de funcionamento das autarquias, desde que a IGAP foi extinta e até hoje, mostram-se agora muito preocupados com a constituição da AML e nunca sobre as não respostas pela CML e Gebalis aos pedidos que os munícipes lhes fazem no âmbito dos seus direitos. São estas, alguma vez, as formas responsáveis, sérias e competentes de a DGF assumir as suas competências para com a população que lhes paga para existir? Esta e, apenas e só, a imagem de marca do seu Inspetor Geral que nunca nada soube fazer, como este vergonhoso exemplo disso nos faz prova todos os dias, pois quando os cidadãos lhe denunciam estas ou aquelas formas de fingir funcionar da Gebalis e d a CML, ou não responde, fazendo de conta que nada é com eles, mantendo assim os seus tachos, panelas e frigideiras políticas sem nada fazer, ou quando responde, apenas diz que vai ver o que pode fazer sem nunca nada fazer com os resultados que são a prova disso.Onde estão as vergonha, brio profissional ou honestidade intelectual destes inspetores da IGF, que nunca deram confiança alguma à população como nos deu a IGAL, enquanto existiu, e talvez por isso deixou de existir?

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