13 jan, 2025 - 06:39 • Fátima Casanova
Nada fazia prever o que teve de enfrentar naquele dia, no final de uma aula de Matemática. A professora que falou com a Renascença e que pediu para não ser identificada tentou evitar que não houvesse agressões físicas entre dois alunos, mas um deles reagiu mal, enfrentou-a e empurrou-a.
O relato é feito pela própria: “Virou-se para mim e começou a dizer que não saía da sala, porque a sala não era minha. Eu disse-lhe que a sala não era minha, mas quem manda aqui quando estamos em aula sou eu, 'portanto se faz favor abandona a sala de aula'. Foi-me enfrentando com o tom cada vez mais elevado até que… empurra-me."
A confusão que se gerou chamou a atenção de uma colega e de funcionários que foram chamar elementos da direção da escola.
Enquanto não chegavam, continuaram as agressões verbais: “Já me tinha chamado burra, já me tinha chamado… Pronto, uma situação que só de me lembrar me perturba bastante."
Na presença da direção, a professora optou por ficar calada. “Não me dirigi mais ao aluno, porque percebi que tudo o que eu dissesse ainda o irritava mais. Calei-me, portanto, deixei que os órgãos da direção conversassem com o aluno."
Missão Escola Pública
O questionário é feito online, é anónimo e a data (...)
Parecia que o pior tinha passado para esta professora, mas foi surpreendida: “no dia seguinte, para meu espanto, ele estava na escola".
"Tive de o enfrentar, não sofreu consequência nenhuma imediata e foi isso que me chocou mais."
Durante vários meses, a docente teve de continuar a dar aulas, sob o olhar do aluno: “Tinha de estar a dar a aula com ele a olhar para mim sempre num tom de provocação. Eu dei aulas e aulas sendo provocada e tendo de manter a concentração para os restantes”, recorda.
"Foi muito difícil lecionar quando tinha um aluno a provocar-me”, enfatiza.
O aluno acabou por mudar de turma depois de ter ameaçado outra professora e, no ano letivo presente, já não está na mesma escola, mas deixou marcas. A docente garante que vai agir de outra forma se voltar a passar por episódio idêntico: vai apresentar queixa às autoridades, porque não quer “sujeitar-se mais a uma situação que não tenha logo uma consequência”.
Esta professora que relatou o seu caso à Renascença continua a lecionar na mesma escola da Área Metropolitana de Lisboa e mantém que gosta de ensinar. Contudo, denuncia a falta de mecanismos ou de vontade para garantir a segurança de quem trabalha numa escola.