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União de Freguesias de Refojos de Basto, Outeiro e Painzela

Freguesias. “Cada um tem de arrumar a sua casinha”, defende autarca

17 jan, 2025 - 08:11 • Isabel Pacheco

Em Outeiro, Painzela e Refojos de Basto, a autarquia garante que a união de freguesias que “não correu bem” e acentuou a “desertificação”, mas a desagregação não parece convencer todos os fregueses.

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Para Leandro Campos, presidente da união de freguesias de Refojos de Basto, Outeiro e Painzela, em Cabeceiras de Basto, a restauração das três freguesias é a promessa eleitoral que lhe falta cumprir.

“Foi a primeira proposta eleitoral”, conta o socialista, em fim de mandato, que admite ter sido apanhado de surpresa em 2013 quando se candidatou pela primeira vez à junta.

“Quando me candidatei foi a Refojos. Passado uns meses, houve a tal coisa da 'lei Relvas' e juntaram estas três freguesias”, conta. Passados 12 anos reconhece que “é muita coisa”. E “para chegar a todos os pontos das três freguesias é, mesmo, muito complicado. É uma sobrecarga, mas muito grande”, vinca. “Eu acho que cada um tem de arrumar a sua casinha”, defende.

À sobrecarga de trabalho, queixa-se Leandro Campos, junta-se o limitado pacote financeiro que, diz, “não acompanha as necessidades” de todo o território.

“O orçamento é tão pequeno que, para chegar às três, temos que canalizar o dinheiro”, conta o socialista que dá o exemplo da mais recente obra em Painzela.

“Fizemos uma casa mortuária que custou 130 mil euros. Tivemos de tirar de uns lados para os outros. Isso é muito mau porque as pessoas não gostam. Mas, se houver a desunião, cada um pode fazer o seu caminho”, defende.

Já o presidente da assembleia da união de freguesias, Miguel Teixeira, alerta para desertificação das zonas mais rurais e distantes da freguesia principal no centro de Cabeceira de Basto. Uma consequência, diz, de mais de uma década de agregação de territórios.

“Em 12 anos, a população da periferia desceu e a população da vila cresceu”, revela o também professor da escola secundária da Vila.

“O movimento associativo ficou praticamente extinto nestes últimos anos na periferia”. “Isto é explicado pela sociologia”, acrescenta. “Porque quando se fecha uma entidade com autonomia política e administrativa, a população acaba por se dirigir para o centro. Foi o que aconteceu”, explica.

Miguel Teixeira fala de uma experiência que “não correu bem” com efeitos a longo prazo e “dificuldades” na gestão do dia-a-dia daquela que é maior união das freguesias do concelho. A limpeza dos caminhos a cargo da junta de freguesia é um exemplo.

“Quando começamos a limpar um caminho em Refojos de Basto e, na semana seguinte vamos para Outeiro, quando concluímos a erva já está a crescer no caminho que limpamos oito dias antes”. “Isto é muito complicado”, lamenta o presidente da assembleia municipal, critico da reforma administrativa que, em 2013, reduziu para cerca de mil e cem as freguesias no país por imposição, na altura, da Troika.

“Outeiro, Painzela e Refojos de Basto são freguesias que vêm da Idade Média e que alguém em Lisboa, através de régua e esquadro, resolveu agregar de um momento para o outro. A verdade é que não correu bem”, remata.

“Se for um bom presidente não faz diferença nenhuma”

A população divide-se quanto a um eventual fim da agregação das três freguesias.

Paula Vilela é uma das moradoras que admite vantagens na desagregação de territórios. Apesar de residir na principal freguesia, em Refojos de Basto, a professora reconhece que há freguesias que “ficam longe da sede da junta”. “E para essas pessoas, sim, faz diferença”, admite.

Para Cristóvão Teixeira, morador em Outeiro, ter um presidente de junta “mais por perto” é positivo. “Eu acho que seria bom, porque as pessoas podem falar mais vezes e mais diretamente. O facto de [o presidente de junta] ter de subdividir por três faz com que passe menos tempo na junta”, aponta.

Mas há quem defenda, como Maria Antónia e Helena Magalhães, que a única diferença está, mesmo, no empenho do autarca.

“Se for um bom presidente não faz diferença nenhuma”, atira Maria.

Já Helena Magalhães, ex emigrante na Suíça, garante que “um é suficiente” para as três freguesias. “Conheço o presidente da junta e ele dá conta do recado das três. É só mais dois ordenados e o contribuinte a pagar, e pronto”.

“Vivi vinte anos na Suíça e lá é um presidente por cada cantão”, conta Helena para quem o problema é que “Portugal tem políticos a mais”.

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