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Governo espanhol pressionado a manter em funcionamento a Central Nuclear de Almaraz

17 jan, 2025 - 09:14 • João Cunha

Depois de anunciado o início do processo de desmantelamento da central, que deveria encerrar em 2028, há agora quem defenda o prolongamento do seu tempo de vida. Nos últimos dias foi anunciado um investimento de 15 mil milhões de euros na Extremadura em duas centrais de dados, grandes consumidoras de energia.

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A central nuclear de Almaraz, na Extremadura espanhola, a pouco mais de 100 quilómetros da fronteira com Portugal, deverá entrar na fase de arrefecimento ainda este ano, iniciando o processo que culminará no encerramento definitivo em 2028.

É o que prevê um acordo entre o Governo espanhol e os proprietários da central, entre elas a Iberdrola e a Endesa, que está agora na origem de protestos de trabalhadores e autarcas locais, que consideram que Espanha corre um risco estratégico ao encerrar centrais nucleares sem garantir a lacuna no fornecimento de eletricidade.

A central nuclear de Almaraz é o motor económico da Extremadura. Gera aproximadamente três mil empregos diretos e pelo menos mil empregos indiretos. Garante estabilidade a famílias e comunidades e o seu desaparecimento teria efeitos na população local, afetando as empresas que dependem da sua atividade. Mas as consequências não se limitam à região: Almaraz gera 7% do consumo energético espanhol e evita a emissão de seis milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano.

Central nuclear de Almaraz - Foto Foronuclear
Central nuclear de Almaraz - Foto Foronuclear
Manifestacao em Lisboa contra central nuclear de Almaraz .Foto: António Cotrim/Lusa
Manifestacao em Lisboa contra central nuclear de Almaraz .Foto: António Cotrim/Lusa
Manifestação exige encerramento de Almaraz, Madrid. Foto: Santo Donaire/EFE/Lusa
Manifestação exige encerramento de Almaraz, Madrid. Foto: Santo Donaire/EFE/Lusa

O encerramento definitivo da central está previsto para 2028, mas o processo será irreversível se não for revertido antes do primeiro trimestre deste ano. Por isso, os defensores da manutenção da central nuclear de Almaraz, como o movimento de cidadãos que organiza este sábado um desfile e manifestação nas proximidades da infraestrutura, consideram que este é o momento crítico para que as administrações públicas e empresas tomem as medidas necessárias para garantir a produção de energia naquela central.

Principal partido da oposição pede manutenção

O presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, defende que o governo de Sánchez está a seguir em direção oposta à de outros líderes europeus ao encerrar centrais nucleares. E, ponto a ponto, enunciou as vantagens em manter a central a funcionar.

"O nuclear gera energia verde", começou por dizer o líder da oposição que, numa conferência de imprensa ao lado da presidente da Junta da Extremadura, que também se mostra contra o encerramento da central nuclear, acrescentou que sem "a energia barata, acessível e próxima de Almaraz haverá um aumento do preço da energia", o que "não permite ter indústrias que consumam energia de forma intensa".

Defendeu que "Espanha deve preservar a sua soberania energética, com energia barata e acessível" de forma a conseguir responder a grandes projetos de investimento, como dois novos data center que a Merlin Properties, uma empresa espanhola, vai implementar na Extremadura, num investimento de 15 mil milhões de euros - a mesma empresa que desde outubro está a construir em Portugal um campus de data center em Castanheira do Ribatejo, em Vila Franca de Xira. Um campus que será construído em fases, prevendo-se que a primeira instalação esteja operacional em 2027.

Apesar dos protestos e especulações sobre um possível prolongamento da vida útil de Almaraz, o Ministério espanhol da Transição Ecológica mantém a posição de que o acordo de encerramento deve ser cumprido.

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