18 jan, 2025 - 11:31 • Alexandre Abrantes Neves com Redação
O antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes considera que a atual ministra da Saúde é a responsável política pela demissão do diretor-executivo do SNS, mas recusa, no entanto, a ideia de que este caso seja motivo para uma demissão de Ana Paula Martins.
"Os titulares dos cargos políticos têm, naturalmente, consequências e têm danos que têm que assumir, mas não não acompanho aqueles que acham que os problemas do país se resolvem todas as semanas demitido um ministro", diz Campos Fernandes à Renascença.
Para o antigo minsitro, é natural que "o parlamento venha a pedir esclarecimentos, que a ministra tem que dar".
O diretor-executivo António Gandra d'Almeida afastou-se do cargo na última noite, depois de uma reportagem da SIC ter revelado que arrecadou mais de 200 mil euros numa alegada acumulação ilegal de funções, entre 2021 e 2023.
Adalberto Campos Fernandes diz que a demissão era inevitável, desde a primeira hora. Não por causa deste caso ou da pessoa, mas porque a criação do figura de diretor-executivo do SNS foi "uma trapalhada".
"Era uma saída inevitável. Não está em jogo, naturalmente, nenhuma avaliação pessoal. Mas está claro, desde há muito tempo, que a criação desta figura do diretor-executivo, de supetão, desvirtuou e de alguma maneira criou uma perturbação nas lógicas de administração da saúde. Cedo ou tarde, teria esse tipo de consequência."
Campos Fernades apela a que se proceda a um debate mais aprofundado sobre a utilidade direção-executiva do SNS: "Há que refletir sobre se, de facto, este modelo tem alguma utilidade. Eu diria uma palavra que isto é uma enorme trapalhada. E os resultados das atrapalhadas estavam há muito tempo escritos nas estrelas: iriam acontecer."
"Não sei se um próximo diretor-executivo não terá também problemas. Há um problema de desenho. Do meu ponto de vista, essa estrutura foi mal desenhada", remata Adalberto Campos Fernandes.