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Diretor-executivo do SNS demite-se

17 jan, 2025 - 21:49 • Marisa Gonçalves e Ricardo Vieira

António Gandra D’Almeida deixa o cargo após ser noticiada uma alegada incompatibilidade, mas rejeita ter cometido qualquer "ilegalidade ou irregularidade". Ministra da Saúde aceita demissão para "preservar SNS".

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O diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra D’Almeida, pediu esta sexta-feira a demissão do cargo, que já foi aceite pelo Ministério da Saúde.

António Gandra D’Almeida pede para deixar as funções após ser noticiada uma alegada incompatibilidade, mas rejeita ter cometido qualquer "ilegalidade ou irregularidade".

"Foi hoje exibida uma reportagem num órgão de comunicação social que incide sobre a minha atuação profissional nos anos que precederam o exercício de funções como Diretor Executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) - 2021, 2022 e 2023", começa por referir o diretor-executivo do SNS, em comunicado enviado à comunicação social.

"A mesma contém imprecisões e falsidades que lesam o meu bom nome e, portanto, a condição primeira para que possa servir, com toda a liberdade o SNS, os seus profissionais e os seus utentes, e honrar o convite que me foi feito pelo governo", sublinha.

"Embora entenda que não cometi qualquer ilegalidade ou irregularidade, para defesa do SNS e, com não menos importância, para protecção da minha Família e do futuro que queremos seja de dignidade, pedi, hoje mesmo, a Sua Excelência a Ministra da Saúde, que me dispense de imediato do exercício das minhas atuais funções", conclui Gandra D’Almeida.

Ministra aceita demissão para "preservar SNS"

O Ministério da Saúde já aceitou o pedido de demissão, "atendendo às circunstâncias e a importância de preservar o SNS", e promete anunciar um um diretor executivo do SNS nos próximos dias.

O gabinete liderado pela ministra Ana Paula Martins "agradece o trabalho competente realizado pelo diretor executivo, o esforço que toda a equipa que sob a sua direção tem sido realizado para servir os portugueses nestes tempos difíceis e espera que a situação se esclareça no mais breve prazo".

A SIC avançou esta sexta-feira que o diretor-executivo do SNS terá acumulado funções como diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, e como médico tarefeiro nas Urgências de Faro e Portimão, recebendo mais de 200 mil euros durante dois anos.

Segundo uma investigação da SIC, o CEO do SNS teria a autorização do INEM para acumular funções, com a garantia de que não ia receber vencimento, mas lei diz que é incompatível.

Pelos turnos realizados terá recebido mais de 200 mil euros, através de uma empresa que criou com a mulher e da qual era gerente.

Os contratos de serviços médicos seriam prestados pelo cirurgião geral nas unidades hospitalares, com o trabalho a valer 50 euros à hora.

António Gandra D'Almeida foi escolhido pelo Governo para liderar a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde em meados de maio do ano passado.

“Esta demissão tinha mesmo de acontecer"

A presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá, não se mostra surpreendida com a notícia e entende que seria uma decisão inevitável.

Em declarações à Renascença, Joana Bordalo e Sá afirma que a demissão de Gandra d'Almeida "tinha mesmo de acontecer, tendo em conta o que está em causa e a ser verdade a investigação que foi feita".

"Para a Federação Nacional dos Médicos, o que entendemos é que estes cargos exigem profissionais de elevadíssima competência e este Ministério da Saúde, de Ana Paula Martins, não tem sido nada feliz nesse aspeto. Aliás, tem toda uma equipa que também não está a conseguir resolver os problemas do SNS”, sublinha.

Joana Bordalo e Sá entende, também, que a notícia enfraquece as posições de António Gandra d’Almeida e do Governo.

“A notícia fragiliza, não só a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, como fragiliza o próprio ministério da saúde de Ana Paula Martins, porque isto foi uma nomeação direta deste ministério de Ana Paula Martins. Colocamos em causa, mais uma vez, a competência de todo este ministério e de quem o lidera”, argumenta a presidente da FNAM.

[notícia atualizada às 23h29 - com a reação da FNAM]

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  • ze
    17 jan, 2025 aldeia 23:40
    CEO do SNS terá recebido mais de 200 mil euros a acumular funções incompatíveis!.......será que os vai devolver? grandes "tachos" que a politica criou.

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