Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

​Ensino especial tem turmas ilegais, assistentes sem formação e mil professores em falta

21 jan, 2025 - 16:35 • Cristina Nascimento

Fenprof fez levantamento sobre implementação da legislação. Em 132 agrupamentos, há quase 13 mil alunos com necessidades educativas específicas, mas faltam professores, técnicos especializados, assistentes operacionais, espaços físicos e recursos materiais.

A+ / A-

Quase um quinto das turmas que têm alunos com necessidades específicas está em situação ilegal. A denúncia parte de um estudo feito pela Fenprof para avaliar a implementação da legislação sobre educação inclusiva.

Sete anos depois de ter sido aprovadas as novas regras, num levantamento feito junto de 132 agrupamentos e escolas não agrupadas em todo o país, o estudo conclui que mais de 20% das turmas têm alunos a mais.

“23% destas turmas, das turmas totais do levantamento, estão ilegais porque ou têm mais de 20 alunos ou têm mais de 2 alunos com necessidades educativas específicas ou até têm as duas situações ilegais - turmas com mais de 20 alunos e com mais de dois alunos com necessidades educativas específicas”, explicou, em conferência de imprensa, Ana Simões, dirigente da Fenprof.

Ana Simões acrescentou ainda que há “turmas com quatro, cinco, seis alunos com necessidades educativas específicas”.

O levantamento feito pela Fenprof revela que “o número de alunos com necessidades educativas específicas, medidas seletivas e medidas adicionais são cada vez mais” e que “o rácio que os docentes têm de apoiar a nível do dos alunos é muito elevado”.

De acordo com o documento elaborado pela estrutura sindical, nestes 132 agrupamentos e escolas não agrupadas, num universo de cerca de 156 mil alunos, mais de 12 mil têm medidas adicionais e/ou seletivas.

“Alunos não faltam, mas falta tudo o resto”, disse a dirigente sindical apontado, que, segundo o levantamento feito, “de um total de 1.086 docentes de educação especial, os 132 agrupamentos e escolas não agrupadas dizem que necessitam de mais 171 docentes“.

Ao lado de Ana Simões estava o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, que faz as contas ao panorama nacional. “Extrapolando para o resto do território faltarão entre 800 a mil professores do ensino especial”, anota.

A escassez de professores de educação inclusiva, que segundo a Fenprof é o segundo grupo de recrutamento com menos profissionais, dá origem a um esforço acrescido.

“Há professores com 20 ou 30 alunos", resultando, nalguns casos, num apoio “de apenas 30 minutos por semana."

Além de faltarem professores, faltam também assistentes operacionais. Segundo Ana Simões, 72% dos agrupamentos e escolas que responderam ao levantamento agora feito dizem não ter assistentes suficientes para dar resposta a todos os alunos. No mesmo universo, apenas 2% dos assistentes operacionais têm formação para trabalhar com os alunos com necessidades educativas específicas.

Naconferência de imprensa, a Fenprof lembrou ainda que tem vindo a defender a criação de um grupo de recrutamento de docentes dedicado exclusivamente à intervenção precoce, uma proposta que, segundo os dirigentes sindicais, o PSD “quando estava na oposição achava muito bem, agora que já é Governo diz que tem de ver se essa é a melhor solução”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Suka Jonatão
    22 jan, 2025 Braga 15:40
    Só Angolana mãe de um menino 7 anos especial, a minha maior preocupação é se ele possa sofrer descriminação, isso me aperta muito o coração, eles são seres muitos indefeso e sensíveis, dificilmente as pessoas conhecem o mundo deles só quem tem um filho assim sabe o quanto eles precisam de atenção, doi bastante quando eles são excluído e com tempo acabam por terem dificuldades em estar meio social, quando eles começam ser tratados com indiferença desde pequeno, não é facil nós os pais sofremos muito com uma criança especial. Eu pessoalmente fico desgastada que as vezes choro e me dá vontade de largar tudo porque a dias que a mente não aguenta, vai as noites sem dormir quando esta inquieto e quando dá uma crise, lá vai todo mundo a olhar para ti como se fosse uma mãe que não dá educação ao seu filho. Peço que por favor mais empatia, respeito, amor, paciência com essas crianças e jovens que são especiais porque são uma Dadiva de Deus e quanto nós como mães só precisamos do vosso apoio, porque tem dias que o nosso psicológico não aguenta e ficamos doente, eu gostaria se existe uma associação de crianças especial na minha cidade todos pais deveriam ter um encontro para serem ouvidos e ter um acompanhamento com um psicólogo e também dar mais oportunidades as essas crianças, porque eles conseguem e podem ser como um criança normal. Esse é o meu contributo, espero ter ajudado muito obrigada.

Destaques V+