22 jan, 2025 - 06:00 • Fátima Casanova
Pais de alunos com necessidades educativas especiais vão ser recebidos esta quarta-feira, no Parlamento, para denunciar “situações muito perturbadoras” nas escolas.
Os pais exigem mais recursos humanos com formação especializada, como professores e terapeutas, para pôr fim às desigualdades.
Depois da entrega de uma petição, em novembro de 2024, com mais de nove mil assinaturas, os encarregados de educação vão partilhar com os deputados testemunhos que justificaram a iniciativa, diz Lourenço Santos, fundador do Movimento por uma Inclusão Efetiva.
Em declarações à Renascença, Lourenço Santos dá conta de “situações muito perturbadoras”. À falta de recursos das escolas, junta-se muitas vezes a incompreensão de outros pais, que lidam mal com a diferença.
“Aquilo que nos chega são situações muito perturbadoras, desde a falta de recursos, até violência física e verbal por parte de professoras e de assistentes operacionais, pais que são pressionados a assinar relatórios técnicos-pedagógicos com os quais não concordam.”
Fenprof fez levantamento sobre implementação da le(...)
O fundador do Movimento por uma Inclusão Efetiva diz que muitas crianças com necessidades educativas especiais não podem, sequer, participar em visitas de estudo, devido à falta de assistentes para as acompanhar.
“Tivemos um caso em que, no próprio dia, a criança foi impedida de ir à visita de estudo com a desculpa que se portou mal no dia anterior”, relata este encarregado de educação.
Lourenço Santos partilha alguns relatos de discriminação contra alunos com deficiência, que o Movimento por uma Inclusão Efetiva recolheu para preparar uma queixa contra o Estado português no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
As situações de discriminação sobre estas crianças também surgem de outros pais que não sabem lidar com a diferença, denuncia Lourenço Santos.
A Fenprof fez um levantamento sobre a realidade da(...)
“São até os outros pais das outras crianças ditas normais que lidam mal com as diferenças. Nós temos casos em que outros pais sugeriram que aquela criança, se calhar, deveria era sair da escola. Muitos pais não percebem porque é que os nossos filhos têm que ter mais apoios que os deles.”
Além de fundador do movimento, Lourenço Santos é pai de um menino de 10 anos que tem um atraso global do desenvolvimento, com comprometimento cognitivo, e que precisa de um apoio constante, até para coisas que parecem simples.
“Há muitas horas em que não tem ninguém que faça a ponte entre ele, o computador e a professora titular. Há dois anos tinha terapia da fala, que era uma coisa que precisava imenso e, neste momento, não tem, mas a resposta da escola é sempre que não há recursos”, lamenta.
Especialmente nas regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve a questão da falta de recursos é mais sentida, de acordo com o Movimento por uma Inclusão Efetiva.