31 jan, 2025 - 18:40 • Fábio Monteiro
Em 2024, apenas sete mulheres doaram óvulos – para o banco público de gâmetas – na Maternidade Alfredo da Costa (MAC). Trata-se do menor número dos últimos quatro anos, e acresce ainda que das sete mulheres duas já haviam feito dádivas anteriormente.
À Renascença, Graça Pinto, responsável clínica do Centro de Procriação Medicamente Assistida da MAC, expressa preocupação e diz não conseguir “entender” o porquê da queda.
“Houve um período, a seguir à alteração da lei [em 2018], quando passou a ser possível a um jovem adulto, resultante de técnicas de doação de gâmetas, saber a identidade civil [do doador/a], em que houve uma quebra nomeadamente ao nível dos doadores masculinos. Mas em relação às dadoras não houve essa quebra. E realmente não consigo entender o que se passou em 2024”, diz.
Em 2021, ou seja, ainda em período de pandemia, houve 9 dádivas de óvulos na MAC. No ano seguinte, foram já 18. Em 2023, ocorreram 12. E em 2024 apenas 7. “No último ano, não chegou a uma por mês. E uma delas já foi a terceira dádiva que fez. Casada, com uma filha, e que veio doar óvulos”, conta Graça Pinto.
As doações de gâmetas masculinos na MAC estão também em números historicamente baixos. “Em 2024, fizermos quatro consultas a candidatos de dadores de esperma. Por acaso, os quatro [após testes] ficaram aptos. Os quatro entraram em processo de doação. Mas como foi em 2024 os packs [conjuntos de doações] ainda não saíram da quarentena [de seis meses]”, explica Graça Pinto.
A especialista refere que, no privado, as dádivas “têm-se mantido em números razoáveis” e que a compensação financeira por doação, determinada na lei, é a “mesma”. Homens: 10% do Indexante dos Apoios Sociais (IAS) por doação (52,35 euros). Mulheres: duas vezes do valor do IAS (cerca de 1045 euros).
Graça Pinto sublinha ainda que “existe imensa plasticidade” por parte dos profissionais da MAC para a recolha de gâmetas e que é um processo seguro. “Nunca tivemos qualquer complicação com uma dadora”, garante.