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Portugal ultrapassa meta europeia para rastreio ao cancro da mama

04 fev, 2025 - 07:45 • Anabela Góis , João Malheiro

Rastreios dos cancros do colo do útero e do cólon e reto estão longe da mesma marca.

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Portugal já ultrapassou a meta europeia para rastreio ao cancro da mama, mas ainda está longe de atingir a mesma marca no que se refere a rastreios dos cancros do colo do útero e do cólon e reto.

São conclusões do relatório 2023 do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas ao qual a Renascença teve acesso.

99% das mulheres elegíveis foram convidadas a fazer rastreio do cancro da mama, o que significa que Portugal está muito acima da meta europeia de 90% de cobertura populacional até 2025. Este rastreio está implementado em todas as regiões do continente, Açores e Madeira.

A taxa de adesão foi de 56%, ou seja, 440.298 mulheres fizeram o rastreio. Já 2.940 foram referenciadas para cuidados hospitalares, o que corresponde a 0,7%.

À Renascença, José Dinis, diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção-Geral da Saúde, diz que, feitos os convites, é preciso agora que, de facto, as mulheres aceitem fazer o rastreio, porque "a adesão ainda não é o que queremos".

"Temos de arranjar estratégias de comunicação para que a adesão suba", aponta.

No caso do rastreio do cancro do colo do útero, a cobertura populacional desceu: Em 2023 foram convidadas a fazer rastreio 59% das mulheres elegíveis, menos cinco pontos percentuais do que no ano anterior.

José Dinis diz esperar que este ano os convites cheguem a mais de 90% das pessoas elegíveis.

A adesão foi de 94%. Foram feitos 310.976 exames no Continente e na Madeira. 20.206 mulheres foram referenciadas para cuidados hospitalares.

Este rastreio só chegou ao arquipélago da Madeira em 2023 e está implementado em cerca de um quarto dos centros de saúde da região.

No cancro do cólon e reto a cobertura populacional baixou ligeiramente de 33%, em 2022, para 32%, em 2023, mas a taxa de adesão aumentou significativamente e passou de 41% para 54%.

Das 270.365 pessoas rastreadas, 685 - 0,2% - foram referenciadas para cuidados hospitalares.

De acordo com este relatório este foi o rastreio que mais evoluiu. Neste momento cobre quase 90% do território do continente e 100% dos Açores. A Madeira iniciou, em 2023, um programa piloto em 8% dos centros de saúde.

Um dos relatórios mostra, ainda, que nos últimos cinco anos, houve um aumento de 23% da quantidade e 64% do preço total dos medicamentos oncológicos nos Hospitais do SNS. Um "drama", segundo o diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, que apela ao diálogo.

"A subida é muito grande. É um problema que está em cima da mesa e chama para a discussão os médicos, os cuidadores, mas também economistas e os decisores políticos", refere.

Para José Dinis, uma das prioridades deve ser a implementação de rastreios que não dependam apenas do encaminhamento médico.

O Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção-geral da Saúde defende um maior investimento em campanhas de divulgação para aumentar a adesão aos rastreios e anuncia que está a preparar uma estratégia de controlo da infeção por HPV – Vírus do papiloma humano - para diminuir a incidência das neoplasias associadas que inclui intervenção junto de populações vulneráveis como migrantes, trabalhadores do sexo, reclusos, e populações com limitações socioeconómicas.

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