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"Esta árvore está rodeada de séculos de história". A Figueira dos Amores, do amor de Pedro e Inês ao campeonato europeu

05 fev, 2025 - 17:51 • Redação

Após vencer o concurso nacional de árvore do ano, a Figueira dos Amores está no concurso europeu. Assunção Júdice, presidente da Fundação Inês de Castro, espera que a história de amor de Dom Pedro e Inês de Castro faça desta árvore a grande vencedora.

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A Figueira dos Amores, uma figueira da Austrália ou ficus macrophylia, é uma árvore com grande significado histórico e cultural para o país. Foi plantada há 150 anos nos jardins da Quinta das Lágrimas, em Coimbra, por um aristocrata que era dono da quinta e que gostava muito dos seus jardins e de plantas. Com ligações a vários jardins botânicos por todo o mundo, o aristocrata fez uma troca de sementes com o Jardim Botânico de Sydney e recebeu as sementes desta árvore.

Assunção Júdice, presidente da Fundação Inês de Castro e membro da família que detinha a quinta, em entrevista à Renascença, descreve a Figueira dos Amores "entre o bonita e estranha". "Parece um bocado ficção científica. Eu lembro-me que quando era pequenina passava-se à vontade entre o Cano dos Amores e a árvore. Agora já não se consegue. Ela cresce, cresce, cresce", explica.

Plantada junto à Fonte dos Amores, com mais de 700 anos, a fonte foi comprada pela rainha Santa Isabel a frades crúzios que utilizavam a casa e a quinta, na altura a Quinta do Pombal. A rainha Santa Isabel comprou ainda outra fonte e uma grande extensão de terreno até ao Convento de Santa Clara, pelo qual mandou construir um aqueduto, que levava a água da fonte ao agora Mosteiro. "Ali era a única fonte com água boa e fresca que havia nas imediações", explica Assunção Júdice.

Apesar de a árvore ser mais recente que a rainha Santa e a história de amor de Dom Pedro e Inês de Castro, foram as pessoas que visitavam a fonte que começaram a associar a árvore à história. "As fontes eram um sítio de encontro, de conversa, de socialização. A rainha Santa comprou mais terreno junto às fontes para as pessoas poderem ir, estar e gozar. Passou ali a ser um local de rimanço, de sossego. E, portanto, eles (Pedro e Inês) passeavam ali". "As pessoas dizem logo que Dom Pedro e a rainha (Inês de Castro) estiveram ali. No fundo, a população é que ditou o nome e o nome ficou como Figueira dos Amores e está ali junto aos amores de Pedro e Inês", acrescenta.

Quanto ao concurso, foi o seu sobrinho e responsável pelo hotel da quinta, Miguel Júdice, que sugeriu concorrer com esta árvore. "Comecei a rir, mas disse 'vamos embora' e conseguimos. Ela, de facto, é muito bonita".

A presidente da fundação espera vencer o campeonato europeu "para o país inteiro". "Temos coisa tão bonitas a nível ecológico neste país, que podemos e temos que ter ambição de ganhar na Europa". Porém, não esconde que uma vitória também será importante para a fundação e para o seu trabalho, uma vez que a fundação vive apenas das receitas das visitas e atividades no espaço.

A história de amor de Pedro e Inês subsiste naquele espaço e é o motivo por que a família manteve a quinta sempre aberta ao público. Assunção Júdice reconhece que a "história de Inês de Castro é uma história importantíssima para Portugal, porque é uma história verdadeira, que se equipara a Romeu e Julieta". "Mas a nossa aconteceu, não é fruto da imaginação de alguém", ressalva.

"Esta árvore tem história, está rodeada de séculos de história", acrescenta, e, por isso, sente que merece ser a grande vencedora.

A Figueira dos Amores é a árvore que representa Portugal no campeonato European Tree of the Year, que todos os anos premeia árvores de diferentes países da Europa. Mais do que olhar à antiguidade das árvores ou as suas proporções, o concurso europeu da árvore do ano pretende destacar a herança histórica, cultural e natural que as árvores testemunham e representam. Quem quiser pode votar na Árvore Europeia do Ano até dia 24 de fevereiro.

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