05 fev, 2025 - 07:30 • Marisa Gonçalves , João Malheiro
Milhares de crianças estão em conflito e sofrem de alienação parental todos os anos, segundo refere a Associação para a Igualdade Parental e Direitos dos Filhos (AIPDF), à Renascença.
No Dia Nacional de Alerta contra a Alienação Parental, que se assinala esta quarta-feira, a presidente da AIPDF, Sílvia Oliveira, garante que esta é uma realidade que persiste.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
A alienação parental é uma forma de maus-tratos e de violência psicológica contra a criança. O divórcio é um dos fatores que mais pode contribuir para esta situação.
A AIPDF indica que "o número não diminui" ao longo dos anos e que é um fenómeno que "está longe" de deixar de existir.
"Com uma extrapolação feita por nós, ia dos 3.500 aos seis mil o número de crianças envolvidas em anos anteriores, em alto conflito parental", aponta a presidente, realçando, contudo, que não tem números concretos para fazer um balanço definitivo.
Sílvia Oliveira entende que tem havido uma evolução no reconhecimento deste fenómeno, mas insiste que continuam a faltar políticas públicas que ajudem à prevenção.
A responsável defende uma maior aposta na residência alternada, ou seja, o direito à criança a viver com ambos os pais e um reforço da pré-mediação, para procurar diminuir os conflitos parentais.
"Dessa forma, podermos retirar as crianças dos tribunais em caso de separação e divórcio", explica.
Há consequências graves no desenvolvimento das crianças vítimas de alienação parental, pois acabam por ter "uma propensão para caírem em drogas, em insucesso escolar, e, elas próprias, perpetuarem este comportamento e terem mais dificuldades em relações sociais e amorosas", segundo indica a especialista.
"Já vimos filhos adultos que, quando começámos este trabalho, eram crianças. Felizmente conseguimos ajudar muitos pais que conseguiram trazer a bom porto as suas crianças, mas, noutros casos, vemos que, efetivamente, estes vários fatores acabam por acontecer", conta, ainda.
A presidente da Associação para a Igualdade Parental e Direitos dos Filhos afirma também que em muitos casos, os pais necessitam de orientação para gerir os seus conflitos, e em concreto, nas situações de divórcio, sem que os filhos sejam, de alguma forma, prejudicados.
Nestas declarações à Renascença, Sílvia Oliveira indica que a associação que preside vai desenvolver estudos sobre a dimensão deste fenómeno, com base em estatísticas na área do direito da famíia e das crianças. Esses estudos vão ter o financiamento da Universidade da Califórnia.