06 fev, 2025 - 15:38 • Daniela Espírito Santo com Lusa
O conselho de administração do Hospital Amadora-Sintra apresentou, esta quinta-feira, a sua demissão.
A informação foi confirmada pelos seus membros num comunicado a que a Renascença teve acesso.
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O conselho de administração garante não querer ser "um obstáculo" à implementação de "medidas e políticas", assegurando que sempre "seguiu o caminho da legalidade, ética e justiça".
O grupo reitera que a sua prioridade "sempre foi garantir o interesse dos utentes, a confiança na instituição e a qualidade dos serviços prestados", num documento onde passa em revista as consultas médicas executadas, por exemplo, e onde se fala em "idoneidade formativa".
A demissão, que entretanto já foi aceite, foi apresentada à ministra da Saúde e ao diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) um dia depois do conselho de administração se ter reunido com a tutela e ter garantido que permaneceria em funções.
À mesma hora, a ministra da Saúde garantia, no Parlamento, que o Governo tenciona resolver os problemas do hospital Amadora-Sintra com maior brevidade.
Ana Paula Martins assegurou, no entanto, que a solução não passava exclusivamente pelo afastamento da administração.
"O Hospital Amadora Sintra já funcionou bem e, infelizmente, hoje não temos essa situação. Temos um hospital que se degradou. Temos urgências que têm macas ao longo dos corredores, à espera de internamento", garante a ministra. "Nos últimos tempos, acrescenta a todo este problema o facto de termos ficado sem um serviço de cirurgia que era, apesar de tudo, e ainda um dos melhores de Lisboa e vale do Tejo, senão o melhor de Lisboa e vale do Tejo", acrescenta.
"Tenho o compromisso de muito rapidamente resolver o problema do Hospital Amadora-Sintra. Não passa exclusivamente pela mudança da administração. Há outros fatores e o principal é restabelecer a capacidade cirúrgica e voltarmos a ter uma equipa de cirurgia que responda às necessidades", afirmou.
Recorde-se que Luís Gouveia se reuniu esta quarta-feira durante mais de duas horas com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, um dia depois de a governante ter anunciado o encontro e ter afirmado que dele iriam sair "soluções e também consequências" e também depois de o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, ter pedido a intervenção da tutela.
Em declarações a jornalistas no final da reunião no Ministério da Saúde, Luís Gouveia disse que foi uma reunião de trabalho "muito proveitosa", que já tinha solicitado à ministra para esclarecer "alguns temas no âmbito do Serviço de Cirurgia Geral" e da idoneidade formativa do hospital Amadora-Sintra que defendeu ser "muito importante manter", uma vez que é uma "instituição de grande formação, de grandes cirurgiões".
Luís Gouveia anunciou que irá solicitar uma reunião urgente ao bastonário "no sentido de elencar também um conjunto de situações que não se verificam, tal como aconteceu em novembro quando foi feita a visita da idoneidade formativa" pela OM e construir "uma solução conjunta", uma vez que o hospital considera ter "capacidade formativa para os 10 internos que atualmente estão no hospital".
O administrador hospitalar reconheceu os constrangimentos que existem no serviço de Cirurgia Geral devido ao "número limitado de cirurgiões", após a saída em 31 de outubro de 10 especialistas do serviço.
"Temos nove especialistas que pertencem atualmente ao quadro, temos também prestadores que trabalham também diretamente com o serviço de cirurgia geral, e temos também muitos prestadores, também eles especialistas", disse, acrescentando que o hospital tem atualmente 22 médicos prestadores de serviço para assegurar, as escalas de urgência.
[Notícia atualizada às 17h09 de 6 de fevereiro de 2025 para acrescentar contexto e declarações da ministra da Saúde]