07 fev, 2025 - 06:30 • Fátima Casanova
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Um inquérito da Missão Escola Pública (MEP) feito a 2.500 professores revela que as direções escolares são apontadas como “principais perpetradoras de coação e ameaças contra os docentes”.
De acordo com os dados a que a Renascença teve acesso, “43% dos professores já sofreram coação, com 59% dos casos atribuídos às direções escolares, destacando a violência institucional como uma questão crítica”.
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Uma realidade bem conhecida de uma professora que dá aulas numa escola no distrito de Aveiro. Quis dar o seu testemunho à Renascença, mas o medo fez com que pedisse o anonimato.
No relato que faz, sente-se a mágoa e a revolta desta docente, que assume que está a ser alvo de violência psicológica por parte da direção da escola, uma situação que se repete pelo terceiro ano letivo consecutivo.
Missão Escola Pública
Resultados do inquérito revelam que o "bullying" d(...)
Sente que está sempre a ser prejudicada de forma deliberada. “Tentam sempre prejudicar-me a nível de horários, avaliação de desempenho, humilhando-me em certas situações, inclusive falando mal de mim, por escrito ou pessoalmente, enfim, câmaras também direcionadas para a minha sala de aula, com assistentes operacionais a avisarem-me que as imagens estavam a passar na direção”, denuncia.
Esta professora também passou por mudanças de serviço, que a obrigaram a deixar as turmas do 6º ano.
“Tiraram-me as turmas todas, mas atribuíram-me em contrapartida, 19 a 20 horas com apoios individuais a alunos de educação especial com medidas adicionais, o que me obriga a ter o triplo ou o quadruplo do trabalho”, conta a professora, que não tem formação em educação especial.
Numa outra mudança, ficou a dar apoio a alunos do 3.º ciclo, com horários alterados sucessivamente e que nunca lhe foram comunicados, como conta a docente: “o meu horário foi alterado várias vezes e nunca me foi comunicado oficialmente.
Professora relata como foi vítima de agressões de (...)
"Eu fui sabendo de alterações ou pelos pais, ou pelos meus alunos ou pela plataforma de gestão do aluno. Oficialmente, como deveria ter sido pela direção, nunca fui”, lamenta a professora.
A situação arrasta-se há vários anos e "as situações começam a ser de tal modo reincidentes” que a docente confessa estar exausta.
“Estou saturada, estou cansada, porque isto provoca um desgaste muito grande a nível emocional, mas também físico e decidi que isto vai ter de ser levado a instância jurídica”, porque quer recuperar a tranquilidade de que necessita para poder fazer aquilo de que gosta: que é dar aulas.
Nessa altura promete dar a cara às denúncias.