07 fev, 2025 - 00:05 • Marisa Gonçalves com Lusa
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, lamenta que se tenha demitido o Conselho de Administração do Amadora-Sintra.
Em declarações à Renascença, Xavier Barreto entende que, apesar de um contexto difícil de gestão, a equipa demissionária fez o melhor que podia, com os recursos que tinha disponíveis, sublinhando que a mesma não se pode substituir ao Governo.
“Este hospital está subdimensionado, tem uma baixa cobertura de cuidados de saúde primários, tem dificuldade em captar e reter recursos humanos. Para além disso, tem um contexto social também muito adverso, mas tinha um Conselho de Administração capaz, muito empenhado e com resultados que são assinaláveis. Apesar de todas estas estas notícias que têm surgido, os números são muito claros. Este hospital aumentou a sua atividade em consultas, em cirurgias e em tratamentos. Não temos qualquer dúvida que o Conselho trabalhou para isso”, afirma.
Xavier Barreto diz que, “mais do que apontar culpas”, é preciso apostar no investimento em mais meios e mais recursos humanos.
“Importa que o façamos de forma mais detalhada com dados concretos e dizendo em concreto o que é que este Conselho de Administração poderia ter feito de forma diferente. Repare-se que o hospital é demasiado pequeno para a população que serve. Significaria, naturalmente, aumentar o hospital, capacitá-lo com mais profissionais de saúde e dar-lhe uma outra capacidade de resposta. Isso não tem acontecido. As carreiras não são atrativas e isso é uma competência do Governo, não das administrações hospitalares. Quando discutimos responsabilidades, temos de ter tudo isto em conta,” refere.
Esta quarta-feira, no Parlamento, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, considerou curioso que a oposição peça a demissão dos governantes quando se verifica um problema num hospital, mas que nunca coloque em causa a boa ou má gestão dessa unidade de saúde.
Numa reação, Xavier Barreto sai em defesa dos administradores hospitalares que diz conseguirem resultados positivos, embora reconheça que há desempenhos diferentes e competências diferentes.
"A atividade tem aumentado de uma forma muito significativa em consultas, cirurgias e numa série de áreas. Tem sido pedido um esforço enorme ao Serviço Nacional de Saúde, e também aos seus administradores que eu, diria, que têm respondido. Naturalmente que nem todos os desempenhos são iguais, nem todos os conselhos de administração têm a mesma formação, a mesma experiência ou a mesma competência para dirigir um hospital”, assinala.
Xavier Barreto garante que “os administradores hospitalares estão motivados para trabalhar em prol do Serviço Nacional de Saúde, em articulação com a tutela e com a ministra Ana Paula Martins”.