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Provas-ensaio em formato digital. Pais alertam que há alunos em situação desigual

10 fev, 2025 - 07:00 • Fátima Casanova

Há alunos que levam o computador para a escola só uma vez por mês, faltando “destreza e agilidade” para realizar a prova, denuncia a confederação que junta as associações de pais de escolas de todo o país.

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As provas-ensaio em formato digital começam esta segunda-feira e são obrigatórias para todos os alunos em final de ciclo no ensino básico.

Como o próprio nome indica trata-se de um ensaio para permitir que os alunos estejam familiarizados com o digital, em contexto de avaliação e ao mesmo tempo avaliar a capacidade tecnológica das escolas, para minimizar problemas nas provas que vão realizar-se no terceiro período.

Por um lado, os alunos do 4º e do 6º ano fazem as novas provas de Monitorização da Aprendizagem (ModA), que substituem as provas de aferição, enquanto os alunos do 9º ano fazem as provas finais a Matemática e a Português.

Para a presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), há problemas que já poderiam ter sido acautelados, nomeadamente para garantir uma maior equidade entre os alunos.

Mariana Carvalho alerta que “nem todos os alunos têm o mesmo tempo de utilização dos computadores em sala de aula”, denunciando que “há escolas com tabelas de uma utilização mensal, ou seja, os alunos levam para a escola o computador ou o tablet uma vez por mês” e questiona: “é essa utilização que vai dotar os alunos com competências para que num dia de uma prova, com destreza e agilidade, consigam realizar essa prova?”

Já para não falar de eventuais falhas nos equipamentos informáticos e na conectividade, que também é um dos receios dos pais.

Provas-ensaio contam para a nota interna?

As provas-ensaio não são provas de avaliação externa, mas as escolas, se assim o entenderem, podem utilizar os resultados ao nível da avaliação interna dos alunos. Uma questão que está a preocupar os pais, segundo denuncia a presidente da CONFAP.

Mariana Carvalho alerta ainda para o facto de muitas escolas já terem tomado a decisão, mas “ainda não conhecem o conteúdo da prova”.

Esta responsável diz que “há alunos que poderão nem sequer ter chegado a uma determinada matéria” e lembra que neste ano letivo já se realizaram muitas greves à sexta-feira e “há alunos, que nesse dia, perderam dois tempos letivos a História e a Português”, salientando que esses alunos ficam muito prejudicados relativamente a outros.

A presidente da CONFAP lembra que, ao contrário dos anos anteriores, neste ano letivo, as novas provas realizam-se no final do 1º e do 2º ciclo, alertando para o facto de os alunos já não terem os manuais escolares “para poderem revisitar os anos anteriores”. Mariana Carvalho questiona como é que os alunos poderão ter acesso aos manuais dos anos anteriores, uma vez, que “já os devolveram para terem direito aos manuais deste ano.”

As provas-ensaio são realizadas em três semanas distintas: na primeira semana, entre os dias 10 e 14, realizam-se as provas de português para todos aqueles alunos.

Na segunda semana, realizam-se as provas de Inglês do 4º ano e de “História e Geografia de Portugal”, do 6º ano.

A última semana, entre os dias 24 e 28 deste mês, vai ser para as provas de Matemática, Estudo do Meio e de Ciências para todos os alunos do 4º, do 6º e do 9º ano.

A calendarização, dentro destes períodos, é flexível e da responsabilidade das escolas, ou seja, em cada semana, cada escola poderá escolher os dias e horas mais adequados para a realização das provas-ensaio.

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  • Renato Almeida
    10 fev, 2025 Lisboa 12:53
    Tudo neste artigo está certo. No entanto, há algo que sistematicamente continua a faltar falar e é importante. Numa época em todos falam em inclusão como se verdadeiramente fosse aplicada, estão a esquecer-se que os alunos estão todos a fazer provas iguais. Os alunos abrangidos pelo dec. lei 54/2018 com medidas seletivas e algumas acomodações curriculares, desde há dois anos, nas provas de aferição, estão afazer extamente a mesma prova que os colegas que não têm quaisquer medidas. Têm apenas direito (quando têm) a leitura de prova e sala à parte. Se durante o ano têm níveis de exigência diferentes, conteúdos adequados às suas dificuldades/problemáticas, diferenciação pedagógica, algumas acomodações curriculares, etc., e vão fazer uma prova igual? Isso é que é ser inclusivo, justo, equitativo? De todo, não me parece. Nunca os resultados que se obervem nestas provas serão reais.

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