10 fev, 2025 - 06:39 • Isabel Pacheco
Daniela Oliveira, de 26 anos, comprou casa com o companheiro, de 27, em agosto de 2024. O casal foi um dos beneficiários das novas regras do crédito jovem para aquisição da primeira residência.
A “melhor parte” admite Daniela chegou com assinatura da escritura isenta de despesas de IMT, Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis ou imposto de selo.
“Foi literalmente assinar os papéis da escritura e os nossos recibos vieram todos a zero. Tudo a zero. Não tivemos de pagar absolutamente nada. Soube muito bem”, conta a profissional da área da comunicação.
A jovem calcula que tenha poupado entre “sete a oito mil euros”. Uma economia “importante” porque é dinheiro que “podemos investir no recheio da casa”, um apartamento T2 , em Baltar no concelho de Paredes, por 190 mil euros.
Apesar da possibilidade de recorrerem ao crédito com financiamento a 100%, graças à garantia do Estado no crédito habitação jovem, Daniela e o namorado optaram por não o fazer.
“Isso colocava uma pressão porque depois iria ter aquele valor total a pagar no futuro”, explica a jovem. Ou seja, “como tínhamos a capacidade inicial de darmos o valor da entrada, achamos melhor disponibilizarmos”.
“Assim é menos um encargo. É menos um valor que, por muito pequeno que seja, acaba por ser grande no bolo total que temos de pagar na prestação do crédito habitação nestes anos todos”, argumenta.
Com o companheiro, natural de Valongo, a trabalhar no Porto, e Daniela em Paredes, a procura de casa recaiu nas redondezas da segunda cidade do país porque, explica, “quanto mais perto do Porto pior são os preços”.
Paredes, a 30 quilómetros do centro do Porto, foi a escolha final, embora, “mesmo nos arredores do Porto os preços estão a aumentar cada vez mais”.
“É curioso porque num espaço de 500 metros do apartamento que compramos, começaram a construir e, em meio ano, os valores aumentaram. Estamos a falar de uma diferença de 50 mil euros por um apartamento praticamente com as mesmas comodidades”.
Ainda assim, o jovem casal teve de fugir do centro da cidade de Paredes. Encontrou casa em Baltar, nos subúrbios, porque “se fosse mesmo na cidade aí, também, os preços disparam. Já temos apartamentos acima de 200 mil euros, muito facilmente”, conta Daniela.
“O segredo é fugir das cidades”, diz a jovem recém licenciada que justifica o aumento dos preços da habitação quanto maior é a proximidade com o serviço de transportes públicos.
“Em Paredes temos o comboio à porta. Portanto, qualquer pessoa consegue ir para o Porto em 20 ou 30 minutos e pode optar por viver aqui no centro”.
Daniela e o companheiro foi um dos casais a beneficiar do novo crédito habitação jovem, mal os apoios entraram em vigor em agosto do ano passado. Mas, se fosse hoje, Daniela acredita que não compraria a sua casa pelo mesmo valor.
“Acho que a isenção das taxas e os apoios do Governo também fez, se calhar, com que o preço das casas aumentasse, porque o próprio construtor pensa: se o jovem vai poupar cinco ou dez mil euros, então, posso aumentar esse valor porque ele não se vai importar”.
“Foi algo que pensamos na altura quando surgiram estas medidas de apoio e compramos casa”, admite.
Em 2024, os novos créditos habitação dispararam. Segundo o Banco de Portugal, foram mais 34% do que em 2023. Desse aumento, quase metade, 47%, referem-se à compra de habitação por jovens até aos 35 anos.