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Turismo de Saúde

Cirurgias no estrangeiro que correm mal "começam a ser mais comuns"

11 fev, 2025 - 06:30 • Anabela Góis

Diretor clínico do Instituto Português da Face diz à Renascença que os 11 médicos que ali trabalham já tiveram casos com complicações e as situações são diversas.

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Não há números oficiais, mas há sinais claros de que estão a aumentar os portugueses que vão ao estrangeiro fazer cirurgias, que nem sempre correm bem.

David Ângelo, diretor clínico do Instituto Português da Face, diz à Renascença que todos os 11 médicos que ali trabalham já tiveram casos desses e as situações são diversas.

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“Tem havido alguns casos de pessoas que têm feito transplantes capilares [no estrangeiro] e depois têm complicações, desde infeções, a rejeição do transplante, etc…”, começa por explicar David Ângelo.

Foram também registados casos de outros doentes “que já fizeram alguns tratamentos de medicina estética no Brasil, alguns até nos Estados Unidos e no México e que depois têm complicações associadas”.

“Nesta área da cirurgia maxilo-facial já recebemos alguns casos de situações em que foram operados no estrangeiro, nomeadamente na Venezuela, onde as coisas correram menos bem e depois tiveram de ser re-intervencionados cá em Portugal”, explica David Ângelo.

“Devem ser considerados imensos potenciais riscos"

O diretor clínico do Instituto Português da Face diz que a opção pelas cirurgias no estrangeiro acontece por razões financeiras, mas também por falta de resposta no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e diz que esta situação aumentou na última década.

“Há 8, 9 anos eram mais raros estes doentes e agora começam a ser mais comuns na nossa consulta. Isto está associado também a uma não regulamentação deste tipo de práticas a nível global. Nós, médicos, temos de ter também aqui um papel ativo na sensibilização dos riscos associados a fazer intervenções destas no estrangeiro”, apela.

Em declarações à Renascença, o cirurgião avisa que os riscos de fazer uma operação no estrangeiro são muitos, seja porque qualquer cirurgia tem riscos mas também porque os doentes não têm o acompanhamento obrigatório no período pós-operatório.

É preciso explicar a um doente que, quando vai para o estrangeiro fazer uma cirurgia com anestesia geral, “devem ser considerados imensos potenciais riscos”.

“Pode haver riscos da cirurgia em si e depois pode haver complicações pós-operatórias e, muitas vezes, quando as pessoas vão para uma aventura destas no estrangeiro, esquecem-se que podem ocorrer complicações nestes três intervalos de tempo”, refere David Ângelo.

A Turquia é um destino popular de turismo médico, sobretudo, na área dos transplantes capilares. No Portal das Comunidades Portuguesas há um aviso: a embaixada de Portugal em Ancara não presta assistência legal ou financeira em caso de conflitos com a entidade prestadora de saúde turca.

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