12 fev, 2025 - 20:17 • Pedro Mesquita
O presidente da Câmara de Coimbra garante que não enganou ninguém. Em declarações à Renascença, José Manuel Silva considera que a acusação do Ministério Público (MP) de que é alvo não tem fundamento jurídico.
“É uma acusação estranha, não só pelo momento em que surge, mas porque me acusa, nomeadamente, de falsificar um documento que não era eu que preenchia nem assinava, e que era sancionado pelos serviços da Ordem [dos Médicos]”, garante o autarca.
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José Manuel Silva garante que tenciona manter a recandidatura à presidência da Câmara de Coimbra, e garante que não se sente fragilizado: “não, porque há muitos inocentes que são acusados, como nós sabemos. Ainda agora tivemos o caso do Dr. Fernando Medina, que esteve vários anos como acusado ou indiciado, e agora, afinal, não aconteceu nada”.
O Ministério Público acusa o atual presidente Câmara de Coimbra de “peculato e falsificação de documento”, quando era bastonário da Ordem dos Médicos (entre 2011 e 2016) por alegadamente ter recebido ajudas de custo pelo uso de viatura própria quando, afinal, seriam feitas de comboio.
Perante a acusação de "peculato e falsificação de documento" vai manter a recandidatura à presidência da Câmara de Coimbra?
Sim, naturalmente, mantenho a recandidatura.
Mesmo que não tenha o apoio do PSD, desta vez?
Eu não faço especulações sobre o futuro. Cada partido da coligação pronunciar-se-á quando entender e como entender.
Mas o facto de estar acusado dos crimes de peculato e falsificação de documento não fragiliza a sua candidatura?
Não, porque há muitos inocentes que são acusados, como nós sabemos. Ainda agora tivemos o caso do Dr. Fernando Medina, que esteve vários anos como acusado ou indiciado, e agora, afinal, não aconteceu nada. Portanto, já sabemos que a justiça funciona devagar e nem sempre bem. E até se ser julgado, é-se inocente. Portanto, não me sinto minimamente fragilizado, muito menos com uma acusação sem fundamento jurídico.
A verdade é que, num artigo que escreveu, disse que tudo isto começou com uma denúncia anónima, mas agora trata-se de uma acusação do Ministério Público. Não é bem a mesma coisa...
É uma acusação estranha...não só pelo momento em que surge, mas porque me acusa, nomeadamente, de falsificar um documento que não era eu que preenchia nem assinava, e que era sancionado pelos serviços da Ordem.
Mas recebeu ou não ajudas de custo pelo uso de viatura própria, sendo que as viagens eram feitas de comboio, como diz o Ministério Público?
Algumas viagens eram feitas de comboio, outras eram feitas de carro. Maioritariamente eram de comboio. Isso permitia-me trabalhar mais quatro horas por dia para a Ordem.
Mas porquê é que não disse simplesmente que ia de comboio, em vez de dizer que ia em carro próprio?
Não, não...eu não disse nada. Eu sempre fui de comboio e dei entrevistas no comboio e fui fotografado no comboio. Portanto, isso era do conhecimento de todos e era para isso. Não fui eu que fiz os pareceres, não fui eu que preenchi as folhas. Portanto, eu não, como se costuma dizer, não enganei ninguém.
Se isto se viesse a provar que tinha existido peculato, como diz o Ministério Público, seria o suficiente para a perda de mandato?
Ouça, não me faça perguntas jurídicas porque esse alegado peculato, que não existiu, até porque se eu fizesse as viagens de carro - sujeito a nunca saber a que hora chegava a Lisboa, a ter acidentes, a perder quatro horas de trabalho por dia, o que seria obviamente um absurdo e nunca ninguém me quis obrigar a isso, seria um contrassenso - aquele seria o montante que eu receberia.