12 fev, 2025 - 08:30 • Anabela Góis , Olímpia Mairos
O médico neurorradiologista Tiago Gil Oliveira venceu o prémio BIAL de Medicina Clínica 2024, no valor de 100 mil euros, com uma investigação sobre Alzheimer que revela que certas regiões do cérebro são afetadas de maneira diferente pelas proteínas tóxicas responsáveis pela doença e que provocam sintomas como a perda de memória de curto prazo e a desorientação espacial.
Na prática – explica o investigador – isto abre caminho a um diagnóstico mais precoce e melhores tratamentos.
“Aquilo que nós procuramos é tentar identificar quais é que são as alterações mais precoces que ocorrem, por exemplo, em regiões do cérebro que são afetadas antes ainda dos sintomas aparecerem”, adianta em declarações à Renascença.
O especialista acrescenta que “uma das metodologias que nós podemos usar é o estudo por ressonância magnética cerebral, que nos permite estudar o cérebro as diferentes regiões do cérebro e identificar essas assinaturas cerebrais que podem estar alteradas numa fase muito precoce”.
“Isso vai permitir, quando os tratamentos para a doença de Alzheimer estiverem disponíveis, que nós possamos fazer os tratamentos numa fase muito inicial para prevenir que o dano associado à doença possa ocorrer”, sublinha o médico.
À frente de uma equipa de 20 pessoas, na Universidade do Minho, Tiago Gil Oliveira desenvolve a investigação em duas frentes: nos doentes, para identificar as zonas mais afetadas pela doença de Alzheimer, e, em simultâneo, em modelos celulares e em roedores, para tentar encontrar uma forma de reverter esses efeitos.
“Aquilo que nós nos temos estado a focar é como é que nós conseguimos identificar as moléculas que estão alteradas na doença de Alzheimer nestas regiões mais afetadas e depois de identificar essas assinaturas moleculares, como é que nós podemos revertê-las”, explica.
Nestas declarações à Renascença, Tiago Gil Oliveira realça que “isto é a investigação a funcionar nos seus diferentes elementos, que é primeiro identificarmos o problema com precisão para depois - o que já estamos a tentar fazer - tentar reverter ou prevenir algumas das alterações ao nível molecular associadas à doença de Alzheimer, no sentido de prevenir que essas regiões do cérebro fiquem mais resistentes à doença e, assim que os sintomas também sejam prevenidos”.
Investigador e médico radiologista no Hospital de Braga, Tiago Gil Oliveira venceu o prémio BIAL de Medicina Clínica 2024 com o trabalho “Desvendando os mistérios da suscetibilidade regional do cérebro à neurodegeneração na doença de Alzheimer: da neuropatologia à ressonância magnética cerebral”.