14 fev, 2025 - 12:50 • Cristina Nascimento
O diretor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa alerta para o risco de “politização e populismo” no Ensino Superior.
A propósito da recente divulgação da proposta do Governo para mudar o regime jurídico das universidades e politécnicos, Luis Carriço considera que as mudanças propostas para a eleição do conselho geral e dos reitores podem dar origem a este tipo de situações.
“Há um risco de politização, partidarização e populismo na eleição do reitor e do conselho geral”, adverte.
Ainda assim, acrescenta que “não é dramático” e que “cá estaremos para ver como funciona”.
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Em causa está, em particular, a novidade de incluir a participação de antigos alunos na composição dos Conselhos Gerais, órgão que depois elege o reitor.
Apesar de reconhecer estes riscos, Luis Carriço considera também “interessante a participação dos antigos alunos”, embora também anteveja que seja difícil de “operacionalizar e de gerir”.
“Como é que constroem os cadernos eleitorais de ex-alunos? Sendo ex-aluno de uma universidade, vou votar nessa universidade e na minha universidade que me emprega, tenho direito a dois votos”, questiona.
As propostas para a revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) estão agora em discussão pública.
A versão lançada “está bastante melhor” do que a primeira que chegou aos parceiros do setor, refere Luis Carriço, e abre caminho a uma maior autonomia financeira, há muito reclamada pelas universidades e politécnicos.
Ainda assim, refere o diretor da Faculdade de Ciências, os problemas “não desaparecem”.
“Dizia há bem pouco tempo que uma das coisas mais difíceis que que os dirigentes universitários têm é gastar o dinheiro que têm disponível, mas que não conseguem gastar em coisas que são importantes e que, por via de todas as autorizações que nós temos que obter, tornam esse esse processo dantesco”, explica.
Alguns aspetos da nova proposta do RJIES “ajudam um bocadinho as gestões universitárias a ser um pouco mais ágeis”, mas os problemas “não desaparecem”, reforça.