Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Dia de S. Valentim e dos Namorados

Violência no namoro. APAV apoiou mais de mil vítimas em 2024

14 fev, 2025 - 06:00 • Henrique Cunha , Salomé Esteves

Primeiro estudo estatístico da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima sobre o tema revela a importância da “aposta na prevenção” e da "relevância da denúncia”. Em 2023, a GNR tinha registado quase 1.500 crimes de violência no namoro.

A+ / A-

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apoiou mais de mil vítimas de violência no namoro, em 2024. A média é de 85 casos por mês.

No seu primeiro estudo estatístico sobre violência no namoro, a que a Renascença teve acesso, a APAV revela que, no ano passado, apoiou 332 vítimas de violência durante o namoro e 691 após a rutura da relação.

A dirigente da APAV Patrícia Ferreira alerta para o facto de este tipo de violência não terminar “com o fim da relação”.

“Isto quer dizer que as pessoas, maioritariamente, procuraram-nos já numa fase de términus da relação, por sentirem efetivamente que esta violência não termina com o fim do relacionamento”, assinala.

Patrícia Ferreira refere que as vítimas “continuam a ser, muitas vezes, perseguidas e alvo de comportamentos abusivos por parte da pessoa agressora, que não aceita o fim da relação e acaba por continuar a exercer aqui uma violência”.

“O grande destaque deste nosso primeiro estudo vai para este facto de a violência não terminar mesmo quando se termina a relação.”

Noutro dado relevante deste estudo inédito da APAV sobre violência no namoro, verifica-se que a grande maioria das vítimas tem idades entre os 18 e os 34 anos. Mas há diferenças: quando a denúncia é feita durante a relação, a maioria dos denunciantes (82) tem entre 18 e 24 anos, ao passo que, quando a vítima apresenta uma denúncia após o fim da relação, a maioria (187) transfere-se para a faixa etária seguinte, dos 25 aos 34 anos.

Mas há uma tendência que permanece em ambos os cenários: nos dois tipos de denúncia, a grande maioria das vítimas (cerca de 87%) são mulheres.

As restantes denúncias partem de homens (11,7% em relação e 11,6% após o fim da relação) e de pessoas intersexo (0,3% em relação e 10,1% após o fim da relação).

Confirmando uma tendência antiga, a vasta maioria dos agressores são homens. A percentagem é de 89,2% em denúncias feitas durante a relação e de 88,6% após o fim do relacionamento.

Em ambos os cenários, quase metade das situações registaram-se em Lisboa e no Porto, uma vez estas são também zonas com mais população. Em Faro e Braga verificaram-se, todavia, números semelhantes.

No Porto, foram feitas 45 denúncias de violência durante a relação, em 2024, enquanto em Faro a APAV recebeu 45 denúncias, e em Braga 35.

O trabalho da APAV revela, por outro lado, que apenas cerca de 50% das pessoas apoiadas já tinham denunciado ou apresentado queixa. Neste contexto, Patrícia Ferreira considera “muito importante denunciar a violência no namoro porque é um crime que se enquadra na violência doméstica”.

“Qualquer pessoa que tenha conhecimento da situação pode e deve denunciar."

“Só denunciando é que se pode receber este apoio especializado e ter esta ajuda para poder sair de uma relação abusiva”, insiste Patrícia Ferreira nas declarações à Renascença.

Por outro lado, a APAV apela à prevenção do fenómeno e tolerância zero a "estes comportamentos abusivos". Patrícia Ferreira adianta que “a sensibilização junto da comunidade e o não tolerar qualquer comportamento abusivo e violento é um dos grandes objetivos e a grande missão do nosso trabalho”.

“Poder sensibilizar as pessoas para estes comportamentos abusivos que depois acabam por ter um impacto muito significativo na própria pessoa e também muitas vezes nos familiares e amigos próximos é crucial”, conclui.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+