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Federações apresentam queixa ao Ministério Público por insultos a deputada do PS

18 fev, 2025 - 17:46 • Lusa

Humanitas e Federação Portuguesa de Autismo enviaram uma queixa ao Ministério Público para que investigasse o incidente que aconteceu na sessão plenária de dia 13 de fevereiro

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Duas federações de apoio a pessoas com deficiência apresentaram queixa no Ministério Público por causa dos insultos de que foi alvo a deputada socialista Ana Sofia Antunes, tendo também pedido ao presidente da Assembleia da República medidas antidiscriminação.

Em comunicado, a Humanitas -- Federação Portuguesa para a Deficiência Mental e a Federação Portuguesa de Autismo adiantam que enviaram uma queixa ao Ministério Público para que investigasse o incidente que aconteceu na sessão plenária de dia 13 de fevereiro, quando a deputada do Chega Diva Ribeiro acusou a socialista Ana Sofia Antunes, que é cega, de só conseguir "intervir em assuntos que, infelizmente, envolvem deficiência".

"Sentimos que o que se passou na Assembleia da República não envergonha só a deputada que foi insultada, mas põe em causa a dignidade de todos os portugueses com deficiência e o bom nome das suas instituições de apoio", defendeu a presidente da Humanitas, Helena Albuquerque, citada no comunicado.

Segundo a responsável, as duas federações decidiram apresentar queixa no Ministério Público por "convicção sincera de que o que aconteceu pode transcender o campo político, atingindo o foro criminal" e que, por isso, "deve ser investigado".

Por outro lado, enviaram uma carta ao presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco a pedir que este crie medidas que "inibam comportamentos discriminatórios, nomeadamente os relativos às pessoas com deficiência" dentro da casa da democracia.

Para as duas federações, não é aceitável que "seja na própria Assembleia da República, o lugar que deve zelar pelo cumprimento da Constituição, que uma pessoa com deficiência seja humilhada e o seu valor posto em causa devido à sua deficiência" e lembram que são instituições que "lutam diariamente pela dignidade e pela inclusão na sociedade, a nível político, social e laboral, da pessoa com deficiência".

"É preciso criar limites dentro da Assembleia da República, onde devem debater-se ideias e não características pessoais", sublinhou Helena Albuquerque, lembrando que todos os deputados estão sujeitos ao cumprimento de um Código de Conduta.

A declaração da deputada do Chega motivou um pedido de defesa da honra da bancada parlamentar do PS, com Marina Gonçalves a acusar Diva Ribeiro de desrespeitar "o trabalho sério" dos deputados socialistas que falam "por igual sobre qualquer tema", e mereceu críticas de outros partidos.

Joana Mortágua, do BE, relatou ainda "ofensas por parte da bancada parlamentar do Chega" dirigidas a Ana Sofia Antunes quando os microfones estavam desligados, acusação corroborada pelo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, que considerou inaceitáveis os comentários, "muito mais do que o que se continua a dizer - que é demais e pouco dignificante - com o microfone aberto".

No dia seguinte ao da sessão plenária, em conferência de imprensa, a deputada socialista Ana Sofia Antunes acusou o partido Chega de ter desrespeitado e ofendido a si e a todas as pessoas com deficiência, considerando que este "livre-trânsito disfarçado de suposta liberdade de expressão" não pode continuar no parlamento.

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  • Anastácio Lopes
    19 fev, 2025 Lisboa 09:48
    Se as Federações estão agora preocupadas para apresentarem esta queixa ao Ministério Público, era bom que o país soubesse o que é que as mesmas Federações e os que as dirigem fizeram, quando esta política exerceu das formas como se sabe o cargo que lhe foi dado de Secretária de estado para a Inclusão, quando, apesar de ser deficiente, deixou sem resposta os Deficientes que por força da lei têm de estar pelo menos 15 anos com um grau de incapacidade igual ou superior a 80% para se poderem aposentar sem serem penalizados, como se algum ser humano aguentasse 15 anos com um grau de incapacidade tâo elevado, nada tendo feito para corrigir tal lei? Ainda não satisfeita, nem se dignou responder a um funcionário público com 88% de incapacidade, licenciado, que ainda hoje se vê impedido de ingressar na carreira de Técnico Superior em consequência do homicídio profissional de que é vítima pelo Estado português, e o que é que estas Federações fizeram para com estes dois exemplos de que aquela teve conhecimento mas nada fez pois ambos ainda hoje existem em consequência das suas inércias, inoperâncias, passividades e cumplicidades para com o Governo de que fez parte, desrespeitando todos e cada um dos Deficientes que são vítimas destas vergonhas nacionais em pleno século XXI? Onde estão as responsabilidades, coerências, formações humanas, brios profissionais e honestidades intelectuais destas Federações e desta política alguém nos sabe dizer?

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