18 fev, 2025 - 07:00 • Fátima Casanova
A Missão Escola Pública (MEP) sublinha que “dificilmente o objetivo principal" da realização das provas-ensaio "seria alcançado”, ou seja, o “facto de as provas-ensaio estarem a ser realizadas ao longo de toda a semana, com as escolas a tentarem otimizar os recursos e a evitar a sobrecarga da rede, impede que o verdadeiro teste às condições de aplicação seja realizado”, escreve o movimento na carta enviada na manhã desta terça-feira ao ministro da Educação e a que a Renascença teve acesso.
O MEP considera que a “situação criada é artificial” e, por isso, as provas-ensaio “revelam-se ineficazes na avaliação da capacidade de resposta das escolas, podendo, em alguns casos, chegar a induzir em erros de falsa confiança num sistema que, em sobrecarga, falhará por um excesso de confiança que não acautelou o erro”.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
Na carta enviada para o gabinete do ministro Fernando Alexandre, o MEP alerta ainda para “estratégias que também comprometem a realização de uma avaliação fiável, pois não podem ser implementadas no dia da prova efetiva”, nomeadamente “o empréstimo de computadores aos alunos, realização das provas nas salas de informática, para o caso dos alunos que não possuem equipamento próprio, bem como estar a ser permitido aos alunos disporem de mais tempo para a realização da prova que os 45 minutos previstos”.
Mais de 270 mil alunos realizaram as provas para t(...)
O MEP avisa ainda que “as escolas estão a adotar abordagens distintas no que se refere ao registo de faltas. Em algumas, é registada falta aos alunos que não se apresentam com computador ou que não realizam a prova devido a outros constrangimentos relacionados com as condições digitais”, mas há escolas em que isso não acontece, comprometendo, diz o MEP, “os resultados obtidos na avaliação da capacidade digital”.
Em declarações à Renascença, a porta-voz do MEP diz que “os calendários definidos de modo algum vão ao encontro daquilo que vai acontecer no terceiro período com as provas de monitorização das aprendizagens (ModA), que vão decorrer num só dia, e as provas finais de ciclo, que vão ocorrer num só dia e em dois turnos”.
Cristina Mota considera, por isso, que “não está a ter lugar um verdadeiro ensaio” e pede que “pelo menos as provas que vão ter lugar para a semana, já decorram nas mesmas circunstâncias que vão ocorrer as provas para as quais se está agora a fazer o teste, nomeadamente todas as provas no mesmo dia para se avaliar a capacidade digital das escolas”.
Na carta enviada ao ministro da Educação é pedido que “o calendário das provas a realizar na última semana deste período de testes deverá ser definido de forma semelhante àquele que os alunos irão encontrar ao realizarem as provas efetivas”.
O MEP defende também que “deverão ser enviadas às escolas instruções detalhadas sobre como proceder ao registo das diferentes situações que possam levar um aluno a não realizar a prova”, para que todas procedam de forma igual.
Nesse sentido sugere que se identifique: “ausência do aluno, aluno sem computador, prova não concluída por problemas de conectividade ou outros constrangimentos informáticos”.
Este movimento também defende que a tutela deve dar indicações às escolas, “que o tempo estipulado para a prova deve ser cumprido independentemente dos constrangimentos que venham a ocorrer”.