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Doentes com fibromialgia querem ser reconhecidos. "Chegou a hora de alguma coisa ser feita"

20 fev, 2025 - 06:30 • Fátima Casanova

Associação vai ao parlamento pedir suporte legislativo para esta doença, que a Organização Mundial de Saúde deixou de classificar como reumatológica, uma decisão ainda sem reflexo em Portugal.

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Depois de bater à porta da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Ministério da Saúde, sem sucesso, a presidente do Núcleo de Intervenção e Apoio à Fibromialgia (NIAF) vai esta quinta-feira ao Parlamento.

Fernanda Neves vai pedir aos deputados da Comissão de Saúde suporte legislativo para esta doença, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) deixou de classificar como reumatológica, uma decisão ainda sem reflexo em Portugal.

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“Já deixou de ser desde o dia 1 fevereiro de 2022, desde que houve a revisão da Organização Mundial de Saúde, que não é conhecida, nem é divulgada no país. Enquanto não for divulgada, os médicos, muito comodamente, agarram-se a essa situação de continuar a puxar para a sua especialidade, porque é uma doença reumática, quando não tem nada a ver. É uma doença do sistema nervoso central. Tem a ver com neurotransmissores”, explica a presidente do NIAF, em declarações à Renascença.

Fernanda Neves denuncia ainda que, apesar de a doença estar identificada como crónica pela Direção-Geral da Saúde, não há suporte legislativo para apoiar os doentes fibromiálgicos como crónicos.

“Então, a doença está reconhecida como crónica e os doentes não existem? Não há doentes fibromiálgicos reconhecidos? Daí provoca a situação gravíssima, de que cada cabeça, sua sentença e cada médico faz o que quer com cada doente. Ou mandam para psiquiatria: ‘olhe, vá trabalhar porque isso é tudo da sua cabeça’. Essa doença nem sequer existe e os doentes vivem nisto. Chegou a hora de alguma coisa ser feita, alguma coisa ser alterada”, apela a presidente do Núcleo de Intervenção e Apoio à Fibromialgia.

Em resposta aos doentes com fibromialgia, em 2003, a DGS admitiu tratar-se de uma doença crónica, mas lamentou a falta legislação.

“Apesar de se tratar de uma doença crónica, incapacitante e quase sempre progressiva, a fibromialgia não consta nem se enquadra em nenhuma das doenças listadas na legislação, que facilita aos portadores de algumas doenças crónicas o acesso a benefícios especiais no âmbito do serviço nacional de Saúde”, referiu a Direção-Geral da Saúde. Em mais de duas décadas, nada mudou.

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  • Paula Pinto
    20 fev, 2025 Viana do Castelo 22:34
    A fibromialgia existe sim, ela está presente em todo o meu corpo lembrando todos os dias que está lá. Acorda comigo arrastando-me quase todo o dia. Por vezes, fico na cama porque não me consigo levantar, vestir ou tomar um banho...Tenho doença intestinal inflamatória (Crohn) à 30 anos para agravar e prótese na cervical. Sei o que é sofrer...No entanto, a dor fibromialgica é de longe, a mais incapacitante. Tenho 56 anos, tenho mestrado em educação de infância e não exerço a profissão que tanto amo porque não consigo trabalhar por causa da dor que a fibromialgia me provoca. Só quem a tem sabe do que falo.

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