21 fev, 2025 - 07:30 • Olímpia Mairos
As recentes declarações do ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Castro Almeida, manifestando a intenção de o Governo avançar com um estudo de viabilidade da linha ferroviária de alta velocidade do Porto a Madrid, que atravesse Trás-os-Montes, trouxeram ânimo e deram força aos autarcas transmontanos que consideram a ligação fundamental para o desenvolvimento da região.
À Renascença, o presidente da Câmara de Bragança, Paulo Xavier, começa por classificar a decisão como “boa”, lembrando que “a CIM-Terras de Trás-os-Montes já fez um estudo para saber a viabilidade da linha”.
O autarca argumenta que “o país tem que ter políticas de equilíbrio de coesão territorial e tem que olhar para os seus habitantes, também no sentido inverso daquilo que já tem feito, ou seja, investir onde a população tende a desaparecer é demasiado importante, além de gerar emprego, fixar as pessoas”.
“É uma questão de justiça e tem de ser um desígnio nacional”, defende o autarca, prometendo continuar a trabalhar para que a ligação passe a “constar do Plano Ferroviário Nacional até porque, em termos de quilómetros percorridos no território nacional, esta linha é a que contribui mais para as metas de descarbonização”.
Paulo Xavier diz que não é uma questão de “tirar a uns para pôr a outros”, justificando a reivindicação também pela centralidade ibérica de Bragança.
“Vamos continuar a reivindicar, vamos continuar a demonstrar que é o melhor percurso, e que Trás-os-Montes não pode ficar esquecido, como tem sido pelos sucessivos governos”, promete.
Já o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, começa por dizer que “a intenção não é nova”.
“Já vem do Governo anterior, que deixou previsto no Plano Ferroviário Nacional uma ligação do Porto - Amarante, Amarante - Vila Real, Vila Real - Bragança, Bragança - Zamora, Zamora - Madrid”, recorda Rui Santos, acrescentando que “este anúncio apenas vem confirmar aquele que já era um trabalho maturado, pensado”.
Segundo Rui Santos, “o trabalho de persuasão está feito e o Governo agora tem que fazer aquilo que lhe compete, que é desenvolver os estudos para que esta linha seja uma realidade”.
Até porque - diz o autarca - esta ligação “é absolutamente estratégica e fundamental para os próximos anos continuarmos a ter um território atrativo e um território vivo”, lembrando que as capitais de distrito, Vila Real e Bragança, foram as últimas onde chegaram as autoestradas”.
“Espero que nesta questão da alta velocidade não voltemos a ser os últimos a beneficiar daquilo que é o transporte para o século XXI e XXII”, completa.
Nestas declarações à Renascença, o autarca lamenta ainda a política de “sistematicamente ir anunciando aquilo que já está decidido”, porque “é sinal que as coisas estão a atrasar mais do que era expectável e isso é que me deixa preocupado”.
Por isso, Rui Santos insiste que a ligação tem de ser uma realidade e os autarcas estão dispostos a lutar pela sua concretização.
“Os autarcas podem, juntamente com as populações, penalizar aqueles que prometem e não cumprem, anunciam e não fazem”, avisa.
Reconhecendo que “infelizmente somos poucos”, o autarca afirma, no entanto, que “somos resilientes, somos mais de quebrar do que de torcer”.
“Cá estaremos para continuar a pressionar quem de direito para fazer aquilo que tem que fazer e para sensibilizar as nossas populações para que, se tal não acontecer, quem nos governa venha a ser penalizado e, na democracia, só através da força do voto é que os cidadãos podem penalizar aqueles que não cumprem com aquilo que lhes prometem”, conclui.