05 mar, 2025 - 09:46 • Jaime Dantas
O presidente da Associação Portuguesa de Associações Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, diz que as 31 novas Unidades Locais de Saúde (ULS) criadas pelo Governo em 2024 acumularam 1.533 milhões de euros de prejuízo em resultado de um "conceito errado de que o subfinanciamento das unidades de saúde as torna mais eficientes".
O dado é avançado esta quarta-feira pelo JN e não surpreende Barreto. O dirigente da APAH diz que a escassez financeira na saúde dura "há vários anos", sem que "nada seja feito" pelo governo.
"Hospitais em asfixia financeira fazem piores negócios", adverte o especialista.
Na base do problema está a previsão de receita destas unidades de saúde, que é sempre inferior ao da despesa. Daqui a um ano a situação será a mesma, uma vez que "os contratos com o Estado para 2025 prevêm, mais uma vez, que os hospitais tenham resultados negativos", sublinha Xavier Barreto.
No fundo, o gabinete de Ana Paula Martins adia a despesa para mais tarde. Ao longo do ano, as ULS acumulam despesa, que é paga através de uma "injeção extraordiária de capital".
"Imagino que o Governo tenha alguma dificuldade com o Ministério das Finanças em obter mais financiamento logo à partida, mas este dinheiro acaba por ser dado aos hospitais para pagar a dívida", aponta.
O Norte e Lisboa e Vale do Tejo são as zonas do país que lideram os prejuizos, mas a norte gasta-se menos dinheiro por doente - na Unidade Local de Saúde de São João, no Porto, um paciente custa, em média, 4795 euros, ao passo que na ULS Lisboa Ocidental esse valor é de 7624.