10 mar, 2025 - 10:09 • Daniela Espírito Santo
A sociedade tem a "obrigação de oferecer uma resposta compassiva à crise migratória". Quem o defende é o presidente do Grupo Renascença Multimédia, cónego Paulo Franco, na abertura da conferência "Imigração: o desafio da proximidade", um tema que, defende, precisa de uma "reflexão oportuna e urgente".
A temática não foi escolhida ao acaso. "A imigração é um tema extremamente atual e o Grupo Renascença, pelos seus valores e missão, olha para este fenómeno com preocupação e sentido de responsabilidade", admite Paulo Franco, que sente que não nos podemos "colocar de parte diante desta problemática".
"A sociedade precisa de adotar uma atitude de solidariedade, lembrando que muitos migrantes fogem de situações de violência e pobreza extrema", defende, recordando que "os imigrantes não são números". "Todos os seres humanos têm direito a ser tratados com dignidade e respeito", relembra.
Neste sentido, as autarquias podem ter uma "importância singular e insubstituível nesta matéria", entende o padre. Para assumirem esse papel, no entanto, é "urgente" que se apoiem "iniciativas de acolhimento nas cidades e nas aldeias", dando "relevância ao diálogo intereligioso e cultural" para garantir que se promove "a convivência pacífica".
"É preciso assumir claramente: nós somos responsáveis e temos de nos comprometer com a promoção da dignidade e da inclusão", diz. Para isso, "é urgente que se adotem políticas mais abertas e acolhedoras para os imigrantes", combatendo "o racismo e a xenofobia de forma clara e inequívoca".
"É um reconhecimento do valor intrínseco de cada ser humano", salienta, mas também serve as "sociedades em crise demográfica", como é o caso da ocidental e da portuguesa. "Os imigrantes podem contribuir positivamente para a sustentabilidade social", reitera.
Ainda há "caminho a fazer", no entanto. "Governo e cidadãos têm de se mobilizar em esforços para tornar as sociedades mais justas e acolhedoras para todos", acredita o sacerdote.
"Há reformas legislativas que é necessário levar a cabo e regulamentação a implementar para tornar o processo seguro, mas o caminho não pode ser nunca o da exclusão, porque isso seria não seria um caminho de futuro e com futuro", remata.