16 mar, 2025 - 12:26 • Ana Catarina André
Por estes dias, há uma parte do mundo representada na capital portuguesa. Na BTL, a feira de turismo de Lisboa que termina este domingo, há stands dedicados a destinos tão diferentes como Moçambique, Índia, Brasil, Maldivas ou Indonésia naquela que é a maior edição do evento, com mais de 1500 expositores.
Na zona das agências viagens, os visitantes fazem fila para pedir orçamentos e marcar as próximas férias. “Há uma procura cada vez maior pelo Oriente”, diz à Renascença António Cruz, responsável da agência Abreu. “Depois de ter reaberto em 2022, o Japão tem sido o destino mais procurado. Este ano, temos no mínimo seis grupos confirmados para o Japão, o que é bastante”, considera.
Uns metros adiante, Yasuyuki Harada, do Turismo Nacional do Japão, adianta que o número de portugueses que visitou o país, entre janeiro e novembro de 2024, chegou aos 38 mil.
“Representa um aumento de mais de 20% relativamente a 2019, ou seja, antes da pandemia”, refere. E acrescenta: “As pessoas gostam do contraste entre a modernidade do Japão, a tecnologia avançada, o animé e a manga, e o lado mais tradicional do país, com os templos, os santuários, as gueixas. Muitos fazem um périplo por várias regiões e não ficam apenas em Tóquio”.
A par do Japão, há outras regiões do planeta que continuam a ser apelativas para os portugueses. “Há uma procura com alguma dimensão pelas Caraíbas – Cuba, Jamaica, República Dominicana. Continua a haver interesse nas Baleares e nas Canárias que estão mais próximas e têm um preço mais acessível. Noutras geografias, o Brasil tem tido um acréscimo em relação aos anos anteriores. Talvez, porque o país esteja mais acessível em termos de custo de vida”, refere António Cruz, da agência Abreu, que destaca o Nordeste brasileiro como uma das regiões favoritas dos portugueses. “Voltou a viajar-se para o Brasil, após um hiato de alguns anos”, constata.
O responsável adianta, ainda, que na Europa tem havido uma descoberta da costa da Albânia e que há também mercado para “viagens improváveis”, como é o caso do Butão. E acrescenta: “Temos tido procura, também, pela Coreia do Norte. Temos clientes à espera que o país reabra desde 2023. Estima-se que seja em maio”.
Nos pavilhões dedicados a Portugal, entre inúmeros stands que dão a conhecer o que há para explorar em cada região, os visitantes cruzam-se com os famosos Caretos de Pondence, um dos símbolos da cultura do nordeste transmontano. Um pouco mais adiante, podem ouvir cante alentejano ou assistir à atuação de um rancho folclórico. Há provas de vinho, degustações e muitos panfletos com informações sobre o património histórico e cultural do País.
Na área dedicada ao turismo do Porto e Norte, os Pauliteiros de Miranda vão dando a conhecer a sua dança tradicional. “Os turistas não querem visitar um lugar. Querem, no fundo, vivenciar o espírito desses lugares”, diz Cancela Moura, vice-presidente do Turismo Porto e Norte, justificando assim a apresentação deste tipo de manifestações culturais na BTL.
E acrescenta: “2024 foi o melhor ano de sempre para o Turismo Porto e Norte. Houve um crescimento de 7% face a 2023, o que corresponde a sete milhões e quatrocentos mil turistas e a mais de 14 milhões de dormidas”, afirma.
Pela segunda vez, a BTL tem um espaço dedicado ao turismo religioso. “É um contributo para a promoção destes destinos, mas também uma oportunidade para clarificar que o turismo religioso é também ponto de partida para outras realidades, como a natureza e a cultura”, considera Fernando Paquim, responsável do turismo do Município de Ourém. Este ano, este espaço conta com 18 participantes.
“O Sardoal, por exemplo, veio apresentar as festividades da Páscoa, Vila Viçosa a festa da Imaculada Conceição. Houve, também, uma sessão sobre a exposição que está patente, neste momento, no Santuário de Fátima”, enumera, dizendo que, este ano, há três municípios que participam pela primeira vez (Guarda, Castelo de Vide e Terras do Bouro).
Entre os presentes está também a Câmara Municipal de Braga que à semelhança dos anos anteriores, espera que a Semana Santa volte a atrair à cidade milhares de turistas.
“Além dos portugueses, há também muitos espanhóis que nos procuram”, refere Luís Ferreira, responsável do turismo, que diz que, em 2024, foram registadas 680 mil dormidas em Braga, o que representa um aumento de 5,9% face a 2023. Outro dos pontos de interesse do concelho é o Santuário do Bom Jesus, diz. “Recebe dois milhões de visitantes por ano.”
Segundo Luis Ferreira, o turismo religioso acaba, também, por ter impacto noutras áreas. “Os visitantes com interesse por Braga procuram diversidade hoteleira, gastronomia e património.”
Entre a multidão que este sábado, dia 15, visitou a Feira de Turismo, há muitas famílias, como é o caso da de Inês Baioneta, de 38 anos. “Vim sobretudo para recolher informações sobre Portugal.
Quero levar panfletos e mapas para, depois, construir percursos. Também gosto de conversar com as pessoas sobre os sítios que quero visitar”, refere, contando que foi em edições anteriores da BTL que descobriu mais, por exemplo, sobre os Passadiços do Paiva ou sobre o museu PO.RO.S, o Museu Portugal Romano em Sicó. “Gosto de ver o que cada região tem para oferecer”, diz.
E acrescenta: “Não acho que este seja o melhor sítio para procurar viagens internacionais a bons preços. Acho que isso se pode ver online. Aqui, prefiro centrar-me em Portugal”.