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Operação Pretoriano. Fernando Madureira mobilizou claque para apoiar Pinto da Costa

17 mar, 2025 - 10:01 • Lusa

Coletivo de juízes decidiu que a Operação Pretoriano vai ser aberta ao público e que as testemunhas que não queiram depor perante os arguidos o devem solicitar.

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O coletivo de juízes decidiu esta segunda-feira que a Operação Pretoriano vai ser aberta ao público e que as testemunhas que não queiram depor perante os arguidos o devem solicitar, sendo esses pedidos analisadas "caso a caso".

A presidente do coletivo de juízes, Ana Dias Costa, deu conta disso mesmo no início da sessão no Tribunal de São João Novo, no Porto, num julgamento que principiou sob fortes medidas de segurança, apesar da tranquilidade reinante na zona, com acesso de tráfego condicionado.

Numa curta nota introdutória, foi explicado aos presentes que "não existem circunstâncias para restringir a livre assistência do público", enquanto no que toca às testemunhas, as que pretendam falar sem ser na presença dos arguidos deverão expor a situação que posteriormente "será apreciada pelo tribunal".

Fortes medidas de segurança marcam o início do julgamento da Operação Pretoriano, na qual o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira é o principal arguido, entre os 12 que vão a julgamento.

Com início da primeira sessão marcada para as 09h30, o primeiro contingente da PSP chegou pelas 08:15, nomeadamente três viaturas, sendo que nos 20 minutos seguintes chegaram mais três carrinhas, da unidade especial da polícia.

Cerca de 20 agentes patrulhavam a zona que por volta das 08h40 ficou vedada ao trânsito, tendo sido instaladas vaias para limitar o acesso ao largo de São João Novo.

Eram 09h11 quando Fernando Madureira chegou ao tribunal, escoltado por três viaturas da guarda prisional, que entrou na rua do tribunal em sentido contrário.

Na mesma altura, Hugo Carneiro, outro dos arguidos subia a rua, manifestando-se "tranquilo" e convicto de que "a verdade virá à tona".

Sandra Madureira, esposa do ex-líder dos Super Dragões, chegou ao tribunal pelas 09h40.

No tribunal, Fernando Madureira, ladeado por quatro guardas, está à parte dos restantes arguidos.

Defesa critica "terrorismo jurídico"

Vários advogados de defesa criticaram hoje a ida a julgamento dos arguídos da Operação Pretoriano, falando-se em "terrorismo jurídico" no início da sessão na qual o Ministério Público prescindiu de fazer as exposições introdutórias.
"Esta acusação que culmina no julgamento que hoje se inicia não é mais do que terrorismo jurídico. É a degradação da justiça plasmada numa decisão instrutória que dá continuidade ao erro, mostrando à sociedade que a justiça já teve melhores dias", acusou Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saul. .
A Operação Pretoriano julga 12 indivíduos por uma alegada tentativa de os Super Dragões "criarem um clima de intimidação e medo" numa Assembleia Geral do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, para que fosse aprovada uma revisão estatutária "do interesse da direção" do clube, então liderada por Pinto da Costa, que morreu no dia 15 de fevereiro.
"(A acusação são) Bagatelas penais. Não tem conteúdo. É enfadonha. Não circunstancializa factos, momentos, sujeitos", reforçou a causídica.
Garante que "não há nada a juntar Fernando Saul e Fernando Madureira", considerando que só lendo "a mente dos arguidos" o Ministério Público pode ter feito essa ligação: está certa de que os arguidos "não planearam nada" e que vários das mensagens de diferentes sujeitos contidas no processo estão "descontextualizadas".
Francisco Duarte, advogado de Hugo Loureiro, entende que "a narrativa do MP nunca foi objeto de verdadeiro contraditório", dizendo que "nunca foi possível trazer testemunhas, exercer contraditório" e que a acusação "está inundada de factos genéricos não comprovados, sem relevância jurídico-criminal".

Em julgamento está uma alegada tentativa de os Super Dragões "criarem um clima de intimidação e medo" numa Assembleia Geral do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, para que fosse aprovada uma revisão estatutária "do interesse da direção" do clube, então liderada por Pinto da Costa, que morreu no dia 15 de fevereiro.

Após a fase instrutória, o tribunal decidiu levar a julgamento todos os arguidos nos exatos termos da acusação deduzida pelo Ministério Público (MP), alegando que a prova documental, testemunhal e pericial é forte.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.

Madureira nega responsabilidade

O ex-líder da claque Super Dragões Fernando Madureira negou responsabilidade no clima criado em torno da assembleia-geral do FC Porto em novembro de 2023, reiterando críticas a apoiantes de André Villas-Boas, ao prestar declarações no julgamento da Operação Pretoriano.

Questionado sobre um pedido quanto a um cartão de sócio de uma mulher, presumivelmente para que essa pessoa pudesse entrar na AG por outra associada, explicou que decidiu "castigar" quem o contactou.

"Não lhe arranjei nada. Pediu-me um cartão de sócio de mulher. Disse que sim, mas na hora deixei-a ficar 'agarrada'. Primeiro, não arranjava [de qualquer forma], e ela fazia campanha nas redes sociais para Villas-Boas. Foi uma maneira de a castigar", declarou.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões e a mulher, Sandra Madureira, começaram hoje a responder por 19 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, perante forte aparato policial nas imediações.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma assembleia-geral do FC Porto, em novembro de 2023.

A questão de entrada no recinto, e credenciação, dominou grande parte das perguntas da parte da tarde, em que a procuradora confrontou Madureira com mensagens relativas a uma organização da presença massiva de apoiantes de Pinto da Costa.

Grupos de WhatsApp, um com cerca de 300 pessoas e afeto aos Super Dragões, no geral, e outro com os líderes de núcleos, foram focos de discussão, com o antigo chefe da claque a reiterar que não "manda nas pessoas" nem decide como vão votar ou comportar-se -- até porque disse desconhecer os estatutos do FC Porto ou as alterações que então seriam votadas, apenas que Pinto da Costa pediu voto contra nos "pontos mais quentes".

Negando o 'arranjo' concertado de cartões de sócio, foi questionado com uma mensagem de uma adepta portista, identificada como "Bárbara SD", a quem terá ameaçado e insultado.

"Isso é no sentido figurado. É namorada do meu primo, e isto é tudo no sentido figurado. Tenho uma esposa, mãe, avós, sogras, tias, e três filhas. (...) Temos de perceber o conteúdo e o meu grau de confiança com a pessoa", afirmou.

Pouco depois, admitiu que não conseguia tomar conhecimento de tudo o que lhe enviavam em "talvez 70 ou 80 grupos" na rede social, e serviço de mensagens, WhatsApp, anuindo a pedidos "para despachar sem ler".

"Até me chamavam o 'ok, ok'", reforçou.

Madureira reiterou, depois, acusações e insinuações quanto a apoiantes de André Villas-Boas, então putativo candidato à presidência dos 'dragões', que viria a ganhar no ano seguinte.

Para o arguido, mantiveram-se em funções os diretores de segurança e marketing do clube, responsáveis pela organização da assembleia-geral, e a SPDE continua a fornecer serviços de segurança ao clube, "e os outros, tudo o que era Pinto da Costa", foram demitidos.

Os próprios Super Dragões, de resto, mantiveram o protocolo existente com o clube, e, para Fernando Madureira, "aquela AG foi o rastilho para ele lançar a campanha", como já tinha defendido da parte da manhã.

De resto, e já inquirido pela defesa, manteve que se sentiu "triste e ofendido" com ofensas a Pinto da Costa, que morreu em 15 de fevereiro deste ano, e que uma reação mais 'acesa', violenta, "provavelmente" nasceu disso.

Também com a mulher, Sandra Madureira, outras das arguidas, reconheceu ter tido quase nenhum contacto durante a assembleia-geral, e reconheceu, quando confrontado com uma mensagem em que se lia "não podemos permitir que enxovalhem o presidente"), que se dirigia a apoiantes de Villas-Boas, e quando, noutra comunicação, reforça que "vale tudo" nessa sessão, não era "de certeza para incentivar a bater em ninguém".

Da parte da manhã, Madureira confessou ter "mobilizado os Super Dragões para apoiarem Pinto da Costa" na AG, negando qualquer incitação à violência, insultos ou a orquestração de intimidação, bem como a responsabilidade no clima criado.

[Notícia atualizada às 17h10]

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