18 mar, 2025 - 13:40 • Jaime Dantas com Redação
No segundo dia de julgamento da Operação Pretoriano, que se realiza esta terça-feira, Fernando Saúl criticou André Villas Boas por convocar os seus apoiantes a marcarem presença na Assembleia Geral do Futebol Clube do Porto, a 13 de Novembro de 2023.
Para o ex-funcionário do clube, eram previsíveis os episódios de violência a que se assistiram durante a reunião de associados. Saúl ataca também os diretores de segurança e de marketing dos azuis e brancos, responsáveis pela organização da Assembleia, por não ter antecipado os confrontos, apesar deste o ter "alertado".
Isto porque, segundo o antigo "speaker" do Estádio do Dragão, era percetível "nas redes sociais que ia muita gente [à Assembleia Geral] e que os ânimos estavam exaltados". Lembrou ainda que era dito " em várias páginas de apoio a Villas-Boas para se filmar tudo, que o Porto dos mamões ia acabar".
"Curiosamente os únicos diretores que continuam são estes [de segurança e de marketing]. Isto é extraordinário", aponta.
Durante a meia hora em que foi ouvido, ao final da manhã, Saúl recusou qualquer tipo de contacto com Fernando Madureira, apesar de se terem cruzado "uma ou duas vezes".
O arguido desmentiu ainda o conteúdo das mensagens que ele próprio escreveu num grupo de WhatsApp que tinha com amigos chegados. "Levou nos cornos esse boi, mas dei-lhe lá dentro, ninguém viu", pode ler-se na mensagem, a que sucedeu um vídeo de Henrique Ramos, sócio do FC Porto. Saúl alegou ter sido apenas uma forma de se "vangloriar aos amigos".
Antes, tinha sido ouvido Vítor Oliveira, conhecido entre a claque Super Dragões como "Aleixo", que admitiu ter agredido apoiantes de André Villas Boas porque estes estariam a "insultar Pinto da Costa", na altura presidente do clube. Esta atitude, sublinhou, não fez parte de uma ação concertada pela claque então liderada por Fernando Madureira.
Logo a seguir, também o seu filho, Vítor Bruno "Aleixo" confessou ter partido para a violência, em defesa do pai. O arguido confessou que, depois deste episódio, foi ao carro trocar de roupa porque esta "tinha sangue" e entrou novamente na Dragão Arena.
A sessão continua durante a tarde e conta com um forte dispositivo policial. Em causa está a suspeita de que a claque "Super Dragões" terá criado um clima de intimidação para que fosse aprovada uma revisão estatutária que favoreceria a direção de Jorge Nuno Pinto da Costa.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.