19 mar, 2025 - 10:30 • João Cunha
Os avisos de mau tempo, com chuva e vento fortes, estão previstos para o final do dia, mas mais vale prevenir que remediar.
A maioria dos estabelecimentos comerciais da Rua Major Afonso Pala e algumas na Rua Damião de Góis, em Algés - que ficam sempre inundadas quando há chuva intensa - estavam esta manhã com as entradas e montras tapadas com comportas em aço, quase de alto a baixo. As que não as tinham decidiram colocar, junto às portas de entrada, sacos com areia, numa tentativa de obter o mesmo efeito.
O sistema, suportado pela autarquia de Oeiras, vai tentar impedir a entrada de água, caso se verifiquem cheias como as de finais de 2022, que provocaram milhares de euros de prejuízos e que provocaram a morte de uma pessoa, junto ao Mercado de Algés.
O problema há muito que está identificado.
"Há aí umas valas que enchem e provocam estas inundações todas. Acho que a água vem de uma ribeira, por isso, há que tratar a ribeira primeiro e depois resolver isto", indica Maria Correia, que por ali passa, todos os dias, a caminho do trabalho.
O problema está, de facto, na Ribeira de Algés, que não consegue dar resposta ao fluxo intenso de águas pluviais, quando chove com grande intensidade. Deverá ficar resolvido quando, no Verão, arrancarem as obras que vão, numa primeira fase, reparar a conduta existente e, posteriormente, aumentar a capacidade da parte da ribeira que está soterrada. Duas obras que serão essenciais para prevenir cheias e reforçar a segurança da Baixa de Algés.
Até lá, os bombeiros recorrem a um outro sistema de comportas, que retém ou desvia as águas pluviais. Um sistema composto por várias placas que, interligadas, criam um percurso que em caso de chuva intensa, retêm ou desvia o caudal de água, podendo evitar a ocorrência de cheias.
Tudo para evitar os prejuízos de há dois anos.
"Foram muitos os danos, nessa altura. Foi horrível", recorda Maria Cunha, com pressa para chegar ao trabalho.
Resta saber que efeito terá a impermeabilização dos solos no topo da Avenida dos Bombeiros Voluntários, onde estão a nascer vários edifícios de uma urbanização. Os solos deixaram de reter água da chuva, quer agora é encaminhada para a Ribeira, que sofre cada vez mais pressão.
"No fundo, esta zona de Algés funciona como bacia de retenção", acrescenta Pedro Mota, proprietário de um estabelecimento comercial também ele bastante afetado.
"Se a água não passa para o mar, vai ficar aqui na mesma", sobretudo se os períodos de chuva coincidirem com a maré cheia. O que deverá acontecer, esta noite. A chuva, intensa, desce das zonas altas de Algés e de Carnaxide, através da ribeira, provocando inundações.
A este propósito, Pedro lembra uma conversa que teve, há tempos, com um bombeiro, sobre as possíveis soluções.
"Só há duas soluções: ou o Tejo desce ou os prédios sobem". E como nenhuma das duas é razoável, resta esperar pelas obras previstas na ribeira para evitar, sempre que chove com muita intensidade, as recorrentes inundações na zona.