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​Ensino especial. "Torna-se insuportável não conseguir dar o melhor a estes alunos"

19 mar, 2025 - 06:30 • Fátima Casanova

Professores do Monte da Caparica pedem escusa de responsabilidade. Dizem que não há condições para garantir o acompanhamento necessário junto de alunos com necessidades específicas.

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Ensino especial. "Torna-se insuportável não conseguir dar o melhor a estes alunos"

Todos os professores de educação especial do agrupamento de escolas de Monte da Caparica, em Almada, pediram escusa de responsabilidade à direção.

Os docentes alegam não terem condições para garantir o acompanhamento necessário junto de alunos com necessidades específicas.

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Oa professores queixam-se da falta de auxiliares e de professores de educação especial para desenvolverem o trabalho com alunos do espectro do autismo. Aqueles que estão ativos, sentem-se esgotados e muitos acabam por meter baixa.

"No primeiro ciclo, a única docente ainda em funções desde o início do ano letivo acaba de meter baixa", revela Rui Foles, também ele professor de educação especial no agrupamento de escolas de Monte da Caparica.

“Também ela não resistiu à situação, com problemas de insónias e de levar todo este problema para casa, porque torna-se insuportável não conseguir dar o melhor a estes alunos", conta

"Há um excesso de alunos. Continua a haver 11 alunos na unidade, quando deveriam ser seis”, detalha.

Ter mais alunos nas salas obriga a recorrer a mais profissionais, o que traz alguma instabilidade, explica Rui Foles.

A falta de um ambiente tranquilo pode desregular o comportamento destes alunos, que facilmente passam para a agressão, sublinha o professor.

“A ação deles é muito física e, nós professores que lidamos com eles, levamos involuntariamente com cabeçadas, arranhões nos braços, puxões de cabelos, já houve uma colega com um dente partido.”

Rui Foles é um dos 12 professores de educação especial que pediu escusa de responsabilidades e diz que tem recebido muitas mensagens de outros colegas de outros pontos do país com a mesma intenção, porque também não têm condições.

“Nós dizemos que continuamos a fazer o nosso trabalho igual, só que se tivermos um azar, como prevemos que poderemos vir a ter, nós não queremos ser responsabilizados por esse azar”, detalha Rui Foles.

O movimento Missão Escola Pública (MEP) alerta para a situação preocupante no ensino especial. Face ao atual cenário, divulga uma minuta de escusa de responsabilidade para os professores e vai lançar um inquérito.

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