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Monsanto foi uma das zonas mais afectadas pela depressão Martinho

20 mar, 2025 - 11:04

A Área Metropolitana de Lisboa foi uma das zonas mais afetadas pela depressão Martinho. A reportagem da Renascença avaliou os efeitos do mau tempo, ao longo da madrugada.

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"Mommy, mommy", gritava esta manhã uma criança, de pouco mais de dois anos, à mãe, no paredão frente à Praia dos Pescadores, junto ao Hotel Baía, em Cascais.

"Vamos ver os barcos", pedia, apontando para a Marina de Cascais, do lado de lá da baía.

A mãe, de nacionalidade britânica, começou a dirigir-se para a marina, ali a poucas centenas de metros, para poder mostrar ao petiz as embarcações. Mas a avó, mais atenta a pormenores, achou estranho ver um mastro logo ali, colado ao paredão, com alguns dos brandais partidos.

Deu mais uns passos e conseguiu ver, lá em baixo, uma pequena embarcação, à vela, parcialmente enterrada na areia. E lá se poupou a viagem até à marina, onde este barco estaria ancorado e não resistiu, nem á força do vento nem à forte ondulação. Mais á frente na linha de Cascais, as mesmas razões estiveram na origem do encerramento da estrada marginal, entre Carcavelos e Paço de Arcos.

O mesmo vento forte levantou a areia da praia de Santo Amaro de Oeiras e empurrou-a para meio da estrada, onde se amontoou - ao ponto de o passeio junto á marginal, onde diariamente centenas de pessoas fazem o seu "jogging", ter ficado totalmente soterrado.

Na via, os bombeiros de Oeiras, apoiados por funcionários da autarquia, recorriam a pás, a agulhetas com água e a uma retroescavadora para remover a areia e abrir, tão rapidamente quanto possível, a circulação na marginal.

Quase paralela à nacional 6, a linha ferroviária de Cascais foi interrompida, devido á queda de uma árvore que apanhou uma catenária, na zona do Murganhal, em Caxias.

Indiferente às várias composições amarelas deste comboio, um grupo de pessoas que, na Curva dos Pinheiros, a poucos metros de distância, assistia da marginal á força do mar em plena maré cheia. Sobretudo no sentido Cascais-Lisboa da Estrada Marginal, muitas foram as viaturas que, por momentos, desapareceram nas ondas que galgaram o paredão.

Quase à mesma hora, e munidos de machados e motosserras, os bombeiros tentavam desobstruir as estradas que atravessam Monsanto, onde em alguns locais não se via o alcatrão, coberto de folhas e ramagens verdes arrancadas das árvores pelo vento. Não era possível chegar ao estabelecimento prisional de Monsanto, lá no alto, bloqueada por várias árvores. Só lá chegava quem viesse da zona de Benfica. Nem foi possível, durante algum tempo, sair da rotunda junto ao Pina Manique e subir Monsanto, já que na rotunda, uma árvore de grande porte, caída no chão, bloqueava a passagem.

Pelo meio de outras estradas do "pulmão" de Lisboa, dezenas de outras árvores perderam ramos ou foram mesmo arrancadas do chão, tal a força do vento. E sem saberem o que se passava, dezenas de pessoas aguardavam, nas paragens da zona, pelo autocarro que não passava. Em alguns casos, só a meio da manhã conseguiram fazer a totalidade da carreira.

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