25 mar, 2025 - 09:30 • João Malheiro
Há crianças a serem atraídas pela extrema-direita e grupos de neonazis ou de islâmicos radicais. Os casos foram identificados pela Polícia Judiciária (PJ) e pelos serviços secretos portugueses.
São dados provisórios do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo a 2024, citados pelo "Expresso". A propaganda da extrema-direita ganhou mais força em Portugal durante os dois períodos eleitorais do ano passado - legislativas e europeias, assim como a propaganda jihadista, que é já um fenómeno antigo, mas agora reforçado pela Inteligência Artificial.
As vítimas costumam ser vulneráveis e são cada vez mais novos, havendo um risco cada vez maior da radicalização de pré-adolescentes. A propaganda consiste num apelo "explícito à violência" e incorpora uma "matriz terrorista".
Citada pelo "Expresso", a PJ refere no relatório que há "líderes carismáticos que atuam como verdadeiros influencers" nas redes sociais, produzindo conteúdo que pode ser consumido por qualquer pessoa, incluindo crianças e jovens. "As plataformas online têm sido o palco privilegiado de atuação dos movimentos descentralizados de extrema-direita de matriz aceleracionista e/ou satânica, onde, através de uma cultura de comunicação através de meme, recrutam e radicalizam indivíduos cada vez mais jovens", descreve o relatório.
Reportagem Renascença
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Os dados preliminares do RASI destacam, ainda, o aumento da criminalidade sexual e a partilha cada vez mais frequente de pornografia e ficheiros de cariz sexual, através de plataformas como o Discord e o WhatsApp. Há vários grupos criados por crianças abaixo dos 13 anos que partilham conteúdos violentos e sexuais.
O abuso sexual de crianças por parte de ofensores entre os 12 e os 16 anos também tem vindo a aumentar. E há, igualmente, vários adultos a distribuir pornografia em locais como o Instagram, Youtube ou Telegram.
A apresentação dos números oficiais finais do RASI 2024 não tem uma data definida. A apresentação do RASI ainda por este Governo depende de Luís Montenegro, esclareceu a ministra da Justiça na semana passada. O RASI tem de ser apresentado no Parlamento (a lei dita como data limite 31 de março), mas a Assembleia da República está dissolvida. Mesmo que a entrega não seja posta em causa, é certo que o habitual debate não acontecerá.
Houve já mais dados a serem avançados pelo "Expresso", relativamente ao aumento da criminalidade violenta e da delinquência juvenil, contudo são, ainda, provisórios.