27 mar, 2025 - 07:24 • Anabela Góis , Hugo Monteiro , Olímpia Mairos
A população portuguesa mudou muito por causa dos migrantes que residem no país e, por isso, as necessidades de sangue também mudaram.
As reservas exigem uma maior diversidade genética para garantir a compatibilidade e a disponibilidade de componentes sanguíneos para todos os doentes.
O Dia Nacional do Dador - que se celebra esta quinta-feira . tem como mote, justamente, “A importância da diversidade na dádiva de sangue” porque ela é essencial.
À Renascença, a presidente do Instituto do Sangue e da Transplantação (IPST), Maria Antónia Escoval, diz que “todos os dias temos 1.100 doentes nos hospitais portugueses que necessitam de sangue e componentes sanguíneos”.
“A população portuguesa nos últimos anos sofreu grandes alterações, também fruto das migrações, e precisamos de dar resposta a todos os residentes em Portugal. Tanto população de dadores como a população de recetores mudaram e, portanto, precisamos de uma enorme diversidade da genética e o sangue de todos é muito importante para dar resposta a todos aqueles que necessitam”, explica.
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O IPST não tem dados sobre o número de dadores estrangeiros, mas faz colheitas junto de várias comunidades e segundo Maria Antónia Escoval são todas solidárias.
“Temos sessões de colheita em várias comunidades, nomeadamente, junto das comunidades israelita, da comunidade de países de língua oficial portuguesa, Cabo Verde, Brasil, temos também sessões de colheita junto a uma comunidade Sik. Temos sessões de colheita junto de variadas comunidades...sim são solidários, são solidários”, sublinha.
A partir de hoje, está disponível no site do IPST o questionário de autoavaliação para a elegibilidade para a dádiva de sangue. Uma funcionalidade que procura aumentar a literacia em saúde no contexto da dádiva de sangue. O questionário pode ser consultado em www.ipst.pt, no espaço do Dador.
As reservas de sangue estão estáveis. São suficientes para a época do ano - quando há um mês se repetiam os apelos às dádivas, devido à escassez do tipo de sangue A positivo e negativo e 0 positivo e negativo. O que significa que os apelos tiveram resposta dos dadores.
“Mais uma vez os portugueses responderam positivamente à chamada, passaram quatro, cinco dias, tínhamos as reservas de sangue em níveis muito satisfatórios. Hoje, dia nacional da dada de sangue, temos cerca de 10 mil unidades de sangue guardadas e por isso estamos satisfeitos”, conta Alberto Mota, da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos.
A poucas semanas do início da campanha eleitoral, Alberto Mota apela ao futuro Parlamento que retome uma petição que a Federação de Dadores entregou na Assembleia da República, em que exige o direito à ausência no trabalho no dia da dádiva de sangue.
“Apelo, e irei apelar logo que saia o novo Governo, é que todos os partidos tenham consciência que está a haver uma discriminação total da dádiva de sangue em Portugal”, aponta o responsável, lembrando que “os agentes da GNR têm direito ao fim de três dádivas de sangue ficar cinco dias em casa, os dadores de sangue da Madeira têm direito a dois dias de descanso quando vão dar sangue e os nossos dadores aqui no continente não têm qualquer reconhecimento”.
“Isso foi um reconhecimento retirado em 2011, por isso penso que já está mais que na altura de se repor aquilo que se foi retirado”, completa.
Alberto Mota defende ainda que é necessário “criar condições para que haja mais meios humanos para se fazer mais recolhas de sangue e não haver tantos cancelamentos como nos últimos tempos tem havido”.
“Tem havido alguns cancelamentos por falta de meios humanos. Sabemos que há concursos que estão a ser efetuados para introduzir mais profissionais”, diz, lembrando que já foram apresentadas ao Ministério da Saúde “soluções para concretizar essas ideias” e ultrapassar a falta de meios profissionais.