28 mar, 2025 - 08:13 • André Rodrigues , Isabel Pacheco
Estão a aumentar os casos de bebés retidos nas maternidades da região de Lisboa, por razões socias.
É mais um sinal de que a crise na habitação está a contribuir para o disparo destas situações.
Os 28 bebés retidos na Alfredo da Costa em 2024, são quatro vezes mais do que em 2022. 13 eram filhos de mulheres em situação de sem-abrigo, muitas delas imigrantes em situação ilegal.
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Não é caso único: também no São Francisco Xavier foram contabilizados no ano passado 26 casos de recém-nascidos sem terem uma casa - mais oito do que em 2023.
Assim como no Garcia de Orta, em Almada, 30 recém-nascidos não tiveram alta por razões sociais, mais cinco do que em 2023. E destes 30, nove foram separados das mães e encaminhados para instituições de acolhimento.
"Isto é uma catástrofe social, há que tomar medidas de urgência"
Diferente é a situação no Amadora-Sintra, onde os números estabilizaram.
Os números são apresentados esta sexta-feira pelo semanário Expresso que ouviu os responsáveis da ação social de diferentes unidades da região de Lisboa que explicam este cenário com a degradação progressiva das condições de vida das famílias, sobretudo desde há dois anos.
As situações sociais incluem sobretudo casos de rejeição dos bebés, ambientes familiares disfuncionais e questões relacionadas com a falta de habitação.
A presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal fala em “catástrofe social” e pede urgência numa política social de habitação.
“Não prevenimos esta situação, portanto, não houve um investimento em políticas sociais de habitação. Cria estas situações que são extraordinárias e que não podemos aceitar, é intolerável. Só requer decisão política e capacidade de executar rapidamente. Estamos e já vimos essa discussão ser feita no tempo das barracas.”
Joaquina Madeira defende a inclusão da crise na habitação no topo das prioridades da discussão dos partidos em campanha eleitoral.
“Devia ser o ponto central destas eleições, como é que cada um vai resolver a curto prazo este problema. É um problema que vai criar mais pobreza, é intolerável. Isto é uma catástrofe social, há que tomar medidas de urgência”, apela a presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza.
[noticia atualizada - com declarações da Rede Anti-Pobreza]