29 mar, 2025 - 00:04 • Lusa
Mais de uma centena de famílias que residem em prédios que pertenciam à companhia de seguros Fidelidade no concelho de Loures estão em risco de ser despejadas, devido ao aumento das rendas, e realizam este sábado uma manifestação.
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Em causa estão três torres, na localidade de Santo António dos Cavaleiros, que foram vendidas pela Fidelidade à imobiliária Zona Certa, e cujos moradores estão agora a ser notificados do aumento de rendas, em média em 200 euros.
Para chamar a atenção e contestar esta situação, que poderá implicar o despejo de mais de uma centena de famílias, a comissão de moradores das Torres Fidelidade realiza no sábado, a partir das 11:00, um protesto simbólico, disse à agência Lusa a porta-voz deste movimento, Ana Oliveira.
"Vamos fazer um pequeno-almoço, um convívio, digamos. Queremos mostrar que somos unidos e uma comunidade que está completamente inserida dentro do concelho (Loures) e que não queremos sair dali", sublinhou a moradora.
Ana Oliveira, residente há 22 anos numa das torres que pertencia à Fidelidade, referiu que o irmão foi um dos que recebeu também uma notificação de aumento da renda do T2 que poderá passar dos 400 para os 750 euros, "valores que passam a ser totalmente incomportáveis".
Segundo a moradora, também se verificam noutras situações aumentos dos 715 para 975 euros.
"Estão a chegar as oposições aos contratos com valores acima daquilo que nós podemos suportar. Podem ser valores de mercado, mas não são os valores que nós consigamos atualizar de uma só vez", apontou.
Ana Oliveira explicou que existem moradores a viver há mais de 40 anos naqueles prédios e que tentaram exercer o direito de preferência quando a Fidelidade vendeu os imóveis, mas que isso lhes foi negado.
"Nós tentámos aqui uma compra. Não percebemos em que é que a Fidelidade se agarrou para negar o direito de preferência. Agora tentamos perceber junto do município se ele exerceu ou não o direito de preferência, que está previsto na lei", sublinhou.
A Lusa tentou contactar a imobiliária Zona Certa, mas sem sucesso.
Em outubro de 2017 a Fidelidade anunciou que queria "reforçar a solidez" da empresa com a venda de 277 imóveis, localizados em várias partes do país, nomeadamente estes três prédios em Santo António dos Cavaleiros, no distrito de Lisboa.
Em 2018, os moradores das três torres de Santo António dos Cavaleiros tornaram público o risco de despejo e realizaram várias ações para contestar este processo.
O mediatismo do caso, que chegou a motivar uma audição parlamentar, levou a que a Fidelidade tivesse aceitado renovar os contratos destes moradores.