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Fóssil descoberto na Marinha Grande é de nova espécie de réptil marinho

07 abr, 2025 - 18:59 • Lusa

O fóssil de um réptil marinho descoberto em 2021, no concelho da Marinha Grande, é de uma nova espécie de ictiossauro (lagartos-peixes), nova no mundo científico, e foi a primeira identificada na Península Ibérica. Fóssil foi batizado de "Gadusaurus aqualigneus".

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O fóssil de um réptil marinho descoberto em 2021, no concelho da Marinha Grande, é de uma nova espécie de ictiossauro (lagartos-peixes) e foi a primeira identificada na Península Ibérica, revelou esta segunda-feira o paleontólogo João Pratas.

"É uma espécie completamente nova para a ciência e foi a primeira encontrada e identificada em toda a Península Ibérica, ou seja, alarga um bocado o "range" [alcance] do que se sabia destes animais nesta altura", afirmou João Pratas, investigador e colaborador do Museu da Lourinhã, para onde foi transportado o fóssil.

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A Câmara da Marinha Grande anunciou nesta segunda que "foi descoberta uma nova espécie de réptil marinho do grupo dos ictiossauros, ou "lagartos-peixes", que habitou a região há mais de 190 milhões de anos, durante o Jurássico Inferior".

Batizado de "Gadusaurus aqualigneus", este novo ictiossauro foi descoberto na praia de Água de Madeiros, "pela marinhense Isabel Morais Roldão, professora da Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo, em Leiria", adiantou.

Segundo a autarquia, o nome "Gadusaurus aqualigneus" faz "referência ao bacalhau ("Gadus"), devido às semelhanças morfológicas com os ictiossauros, e à praia de Água de Madeiros".

"A escolha do nome faz homenagem ao peixe que é símbolo identitário da cultura portuguesa, ligando património paleontológico e património imaterial", explicou.

O município referiu tratar-se "de um animal relativamente pequeno, distinguindo-se por um forâmen [orifício] nasal de grandes dimensões, maior do que o documentado em outras espécies, e por dois sulcos simétricos nos ossos circundantes".

"O crânio apresenta alguma desarticulação, sugerindo que se trate de um animal mais jovem e cujos ossos não estavam ainda bem fundidos ou que os ossos se deslocaram durante o processo de fossilização", esclareceu.

João Pratas, primeiro autor de um artigo científico publicado há uma semana na revista "Acta Palaeontologica Polonica", declarou que, após a descoberta por Isabel Morais Roldão, a segunda autora do artigo, a docente entregou o espécime ao Museu da Lourinhã.

Seguiu-se um trabalho de preparação e limpeza nos laboratórios do museu, e também observações, para "ajudar a tentar fazer uma identificação do espécime", referiu o estudante de doutoramento da Universidade Nova de Lisboa.

"Depois fizemos comparações com outros ictiossauros já existentes, fizemos análises filogenéticas, que são o procedimento típico para tentar identificar com o que é que estamos a lidar", adiantou, explicando que tudo consta do artigo agora publicado.

O animal "faz parte de um grupo de répteis marinhos que eram os ictiossauros", os lagartos-peixe, "um grupo de répteis que se adaptou a um meio marinho, desenvolvendo uma forma de corpo muito hidrodinâmica", prosseguiu João Pratas.

"É o tipo de evolução parecido com o que se observa hoje nas baleias atuais. Seriam uns animais com um corpo muito hidrodinâmico, com um focinho muito comprido, caudas e barbatanas semelhantes às de um tubarão ou de um golfinho, e tinham também como característica uns olhos muito grandes", precisou.

João Pratas adiantou que a região compreendida entre Marinha Grande, no distrito de Leiria, e Lourinhã (Lisboa) sempre apresentou um grande acervo de fósseis.

"Tanto quanto sabemos, nestas épocas pré-históricas, houve a sorte de, nesta região, se juntarem várias das características necessárias para serem bons locais para a preservação de fósseis. E é por isso que nestas regiões é bastante frequente encontrar várias coisas, algumas vezes fragmentos, outras vezes espécimes inteiros, que nos permitem fazer descobertas como a deste artigo", acrescentou o investigador.

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