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“É censurável”. Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida critica alegada clonagem de lobos pré-históricos extintos

09 abr, 2025 - 09:59 • Hugo Monteiro

Em entrevista à Renascença, a presidente do CNECV, Maria do Céu Patrão Neves, fala em "instrumentalização da própria ciência" a propósito desta experiência "sem qualquer finalidade legitimadora”.

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Cientistas "criam" lobo pré-histórico extinto há 13 mil anos
Vídeo de Marta Pedreira Mixão

A presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciência da Vida (CNECV), Maria do Céu Patrão Neves, classifica a experiência científica que permitiu a clonagem de lobos pré-históricos extintos há mais de 10 mil anos como “censurável” e "sem qualquer finalidade legitimadora”.

Em entrevista à Renascença, Maria do Céu Patrão Neves questiona, ainda, a “responsabilidade social” da experiência.

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A responsável defende que a experiência “não precisava de chegar até ao fim”, ou seja, até ao crescimento e desenvolvimento dos animais pré-históricos, provavelmente apenas “para glória dos cientistas e do centro a que pertencem”.

Eu diria que isto é uma instrumentalização da própria ciência. A ciência não vale em si mesmo, tem uma finalidade em relação às pessoas, aos seres vivos, ao planeta. Tem uma finalidade que é exterior à própria ciência. A ciência não é a finalidade em si e por isso, quando os cientistas desenham projetos científicos, devem pensar qual é a finalidade, qual é a possibilidade da sua utilização e se esta é sempre uma utilização benéfica”.

Por isso, diz Maria do Céu Patrão Neves, “a responsabilidade social”, neste caso, “parece-me francamente duvidosa”, sublinha.

A presidente do CNECV não hesita em defender que “faz todo o sentido utilizar as novas tecnologias para evitar a extinção de espécies” ou para “recuperar aquelas extintas recentemente”. No entanto, “utilizar esta tecnologia para voltar a trazer animais extintos há milhares ou milhões de anos, não só não tem qualquer utilidade, como pode constituir um perigo para as espécies existentes, nomeadamente a humana”.

Maria do Céu Patrão Neves lembra, ainda, o risco que isto comporta para os próprios animais, “que são assim dados a um mundo”, com características ambientais para os quais não estão preparados”, pelo que “constitui uma verdadeira violência” também para eles, que “não poderão ser libertados”, terão de ficar em cativeiro.

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