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Guerra Comercial

Impacto das tarifas no crédito à habitação. DECO não arrisca cenários

10 abr, 2025 - 01:00 • Marisa Gonçalves

Associação de Defesa do Consumidor aconselha amortização de créditos para aliviar o orçamento das famílias.

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Os mercados financeiros vivem tempos de incerteza e é difícil fazer uma previsão quanto à evolução das taxas de juro ou das taxas Euribor, que estão associadas aos créditos à habitação.

Se no final de 2024 era praticamente consensual que as taxas de juros deveriam seguir uma tendência de descida, nesta altura, face à aplicação das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, essa suposição já não é tão clara.

Esta terça-feira, a taxa Euribor desceu a três, a seis e a 12 meses para mínimos desde janeiro de 2023 e novembro e setembro de 2022.

Em declarações à Renascença, Nuno Rico, economista da Deco Proteste fala num contexto que poderá levar a uma grande indefinição da política monetária e diz que é “difícil” prever as decisões do Banco Central Europeu (BCE).

“Temos aqui dois cenários que são completamente contraditórios. Por um lado, ou o BCE opta por não descer mais as taxas de juro com receio da inflação que pode ser gerada por esta guerra comercial ou, por outro lado, assume que a inflação poderá subir um pouco, mas vai apoiar as economias europeias descendo as taxas de juro no sentido de evitar uma eventual recessão no contexto europeu”, afirma.

Entre as poucas certezas, sabe-se que a instabilidade dos mercados traz implicações na Economia. Quanto aos impactos, embora não seja possível prever todos eles, será de contar, para já, com uma subida dos preços, admitindo-se assim um cenário de inflação.

“É de esperar um aumento dos preços, nomeadamente por causa da imposição das tarifas e porque a União Europeia também vai impor tarifas de retaliação. Isso vai ter impacto nas empresas europeias exportadoras que tenham os Estados Unidos como principal mercado e poderá criar impactos económicos recessivos. O BCE poderá querer acautelar esta situação e continuar a descer as taxas de juro. Eu não arriscaria nenhum dos cenários. Há uma boa percentagem de analistas que estão à espera de que o que BCE desça as taxas de juro, no sentido de apoiar as economias, mas eu diria que também não será de estranhar se houver aqui uma pausa neste movimento de descida”, aponta.

Nuno Rico fala numa grande volatilidade nas economias mundiais à qual não se assistia há cerca de dez anos e perspetiva um abrandamento do crescimento económico com consequências ao nível do desemprego e que poderá originar uma redução dos rendimentos das famílias. Por isso, o economista da Deco deixa alguns conselhos para os tempos que aí vêm.

“Uma das mensagens que nós temos estado a dar aos consumidores, principalmente sobre como aproveitar a descida das taxas de juro no crédito, é para que se têm essa possibilidade, aproveitem a poupança que está a ser gerada neste momento com a descida das taxas de juro para reduzir o peso da dívida nos orçamentos familiares. Ou seja, através de amortizações aproveitar para reduzir a exposição à dívida e precaver aqui eventuais cenários futuros que não sejam tão favoráveis”, adverte.

O Conselho de Ministros desta quinta-feira vai discutir o tema das tarifas comerciais aplicadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, após as reuniões do Governo com associações empresariais.

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