11 abr, 2025 - 14:16 • Daniela Espírito Santo com Lusa
O TikTok confirmou, esta quinta-feira, estar a colaborar com as autoridades portuguesas na sequência do vídeo de uma alegada violação a uma menor de 16 anos, em Loures, que terá tido mais de 30 mil visualizações antes de ser retirado daquela plataforma.
"Podemos dizer que estamos a colaborar com a polícia", adiantou Adela Aleka, responsável pela comunicação do TikTok em Portugal, Grécia e Itália, durante um encontro com jornalistas, em Lisboa, para discutir as próximas legislativas em Portugal.
Questionada pela Renascença sobre o caso que chocou Portugal, Aleka admitiu que a plataforma está "atualmente a colaborar com a polícia na investigação que está em curso" e, por isso, não pode adiantar "mais nada".
"Agimos quanto a isso e, sobre essa situação específica, podemos dizer que estamos a colaborar com a polícia. Não é como se o TikTok não estivesse a fazer nada", acrescentou a responsável, lamentando que não haja "medidas tecnológicas 100% eficazes" que permitam impedir a divulgação automática de casos similares. "Infelizmente, são coisas que podem acontecer", lamenta, mas garante que os mecanismos que a plataforma tem em execução permitem que "99% do conteúdo que vai contra as regras" seja "retirado em 24 horas".
Durante o encontro com os jornalistas, e falando sobre este caso em específico, Adela Aleka admitiu não saber se o vídeo foi retirado antes ou depois de ter virado notícia, mas assegura que foi apagado assim que foi detetado. "Não consigo detalhar se foi motivado pelas notícias ou não mas, assim que o detetámos, retiramo-lo", adianta, garantindo que, todos os dias, conteúdo similar é detetado e apagado.
"Sinceramente, detetamos muita coisa sobre a qual vocês não escrevem", acrescenta.
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Esta não será, certamente, a primeira vez que as autoridades entram em contacto com o TikTok para pedir informações. Na "Central de Transparência" da plataforma, no último relatório de pedidos de informação feitos pelas autoridades de cada país, o TikTok admite que, no primeiro semestre de 2024 - os dados mais recentes que encontramos - Portugal fez quatro pedidos de informações sobre utilizadores. Segundo o mesmo relatório, é dito que, dessas solicitações legais, a plataforma apenas divulgou dados em 25% dos casos, ou seja, de um. Desconhece-se mais pormenores sobre estes casos, mas sabemos que todos foram "pedidos legais", referentes a quatro contas específicas, e nenhum foi feito devido a uma situação de emergência.
No passado dia 24 de março, a Polícia Judiciária deteve três suspeitos, entre 17 e 19 anos, que, alegadamente, se filmaram a violar uma menor de 16 anos em Loures e divulgaram o vídeo nas redes sociais.
Os três suspeitos, entre os 17 e 19 anos, eram descritos como "influencers" e tinham milhares de seguidos nas redes sociais. Foram detidos pela Polícia Judiciária, mas libertados pelo tribunal, tendo ficado sujeitos a apresentações periódicas e proibição de contactos com a vítima.
A vítima quis conhecer os seus ídolos do TikTok, mas o encontro acabou numa arrecadação de um prédio com uma alegada violação filmada e divulgada nas redes sociais.
Numa conversa anterior com a Renascença, há cerca de um ano, Chiara Nava, gestora de divulgação e parcerias para a Europa Central e do Sul no departamento de Confiança e Segurança da TikTok, adnitia que, para a plataforma, garantir que menores não têm acesso a conteúdo indevido é um "processo sem fim".
"A revisão de conteúdo, moderação e manutenção de conteúdo é de extrema importância para nós, especialmente no caso de menores de 13 anos", indicava, em maio de 2024.
Chiara Nava, gestora de divulgação e parcerias para a Europa Central e do Sul no departamento de Confiança e Segurança da TikTok. Para a plataforma, garantir que não existem crianças com acesso a conteúdo indevido é um "processo sem fim".
"Não temos interesse em ter menores de 13 anos na plataforma. Não ganhamos nada com isso", assegura Chiara Nava. Para garantir que tal acontece, a plataforma está a "melhorar a deteção automatizada" e a "aprender ao longo do caminho".
"Olhamos para sinais específicos, como a biografia, o que publicam, o que dizem, que músicas utilizam... Isso ajuda-nos a compreender o comportamento típico de utilizadores que possam ser menores", esclarece. Chiara adianta, ainda, que no último trimestre de 2023 a plataforma removeu "mais de 19 milhões de contas" por suspeitas de pertencerem a menores de 13 anos.