Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Óbito

"Partiu sereno e com músicas de Abril." Morreu o coronel Carlos Matos Gomes, capitão de Abril

13 abr, 2025 - 12:34 • Ana Kotowicz

Marcelo Rebelo de Sousa recorda que Matos Gomes teve "uma vida de intervenção cívica e pedagógica muito diversificada e intensa, sempre na defesa dos valores" pelos quais se bateu durante "mais de cinco décadas".

A+ / A-

Morreu Carlos Matos Gomes, capitão de Abril, aos 78 anos.

A notícia foi avançada pela família nas redes sociais. “A todos os amigos e seguidores do meu pai, Carlos Matos Gomes, é com profunda tristeza que informo que faleceu hoje, 13 de abril, no Hospital Cuf Tejo. Partiu sereno e com músicas de Abril.”

Marcelo Rebelo de Sousa, em nota publicada no site da Presidência, recorda que Matos Gomes teve "uma vida de intervenção cívica e pedagógica muito diversificada e intensa, sempre na defesa dos valores por que se batera há mais de cinco décadas".

Matos Gomes nasceu em 1946 em Vila Nova da Barquinha. Foi em Tomar, quando estudava no Colégio Nun'Álvares, que conheceu Salgueiro Maia, seu amigo desde os 11 anos, e que viria a ser um dos principais protagonistas da Revolução de Abril.

Matos Gomes fez três comissões na Guerra Colonial — combateu em Angola, Guiné e Moçambique — e foi condecorado com duas Cruzes de Guerra, a terceira mais alta condecoração militar portuguesa.

Quando, em 1972, partiu para a Guiné acreditava que a Guerra Colonial só poderia ter solução através da diplomacia e da política. Por isso mesmo, pretendia, no regresso, abandonar a carreira militar. Não só não o fez como se tornou um dos primeiros militares a aderir ao movimento dos Capitães de Abril.

Sob o pseudónimo literário de Carlos Vale Ferraz, publicou dezenas de romances, como "A Última Viúva de África", que recebeu o Prémio Literário Fernando Namora em 2018. Em março de 2024 escreveu, em nome próprio, aquela que seria a sua última obra: "Geração D".

Sobre este livro disse, numa entrevista à agência Lusa, que era uma homenagem à sua geração, a da "Democracia, da Deserção, da Descolonização, das Doutrinas e do Doutrinar, da Discussão, da Dialética, do Desmistificar, do Desmobilizar, da Denúncia, da Desobediência, do Divórcio", a geração que "viveu sob um regime de 'doidos do império'" e que dele se libertou.
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+