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Cordão - Coro de Amigos e Doentes Oncológicos

“Aqui somos todos normais”. Doentes oncológicos cantam em coro para combater a doença

14 abr, 2025 - 13:05 • Isabel Pacheco

Em Braga, doentes oncológicos e seus cuidadores participam semanalmente num coro para combater a solidão e esquecer a doença.

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Lúcia Brito foi a primeira a chegar ao Gnration, em Braga, para mais um ensaio semanal do Cordão, o coro de amigos e doentes oncológicos.

Desde que arrancaram os ensaios em janeiro, Lúcia faltou apenas duas vezes. “Só mesmo porque não consegui devido à doença”, garante a bracarense que ficou a conhecer o projeto por indicação médica.

“Foi a médica que me falou do coro. Depois uma colega, outra doente oncológica, também me disse que este era um sítio de deitar tudo para trás”, recorda. “E assim foi”, confirma.

“Não imaginava que a música interferisse tanto em nós. É uma alegria, uma paz”, resume a paciente de oncologia do hospital de Braga que acredita que a música também ajuda a combater a doença, pelo menos, a fortalecer ânimo.

“Há dias que estou mais caidinha. Então, penso no ensaio que está quase a chegar e vamos lá embora” , atira Lúcia que, aos 50 anos, tem o seu primeiro contacto com a música.

Com uma filha violoncelista, Isabel Rocha já estava familiarizada com a música. Admite que encontrou no coro um escape à doença que a acompanha há oito anos.

“Vir para aqui é também um impulso para sair de casa e desanuviar”, conta. “Aqui somos todos normais. Temos os nossos problemas, mas, por momentos, esquecemos”.

Joana Araújo divide com Ricardo Baptista a direção artística do projeto que pretende ser um “espaço de liberdade e de criação”.

“Quando digo de liberdade é porque não é um coro normal”, explica Joana. “Aqui há espaço para a expressão oral, para a escrita criativa e até de movimento”, sublinha a responsável.

Trata-se de um grupo que “está sempre de portas abertas” a novos elementos “saibam ou não cantar”, acrescenta a artista que compara o coro, denominado de Cordão, a “uma corrente que vai unindo doentes oncológicos e seus cuidadores”.

O objetivo, acrescenta, “é fazer com que as pessoas saiam da sua convivência com a doença, muitas das vezes, isolada e encontrem um espaço onde possam viver o agora”.

A mentora do projeto é Sara Borges da Faz Cultura, a empresa municipal de Braga e promotora da iniciativa. A ideia surgiu depois de “uma experiência pessoal” com a doença e que teve como base os benefícios da música no apoio à luta contra o cancro.

“Partimos de algumas leituras e exemplos de projetos na área da música que, de facto, trazem este sentimento de pertença e bem-estar, até em termos físicos, uma melhoria na capacidade respiratória”, elenca Sara. “Portanto, são fatores que acreditamos que são importantes para quem está a ultrapassar este desafio”, remata.

A primeira apresentação do Cordão acontece em maio através de uma instalação sonora por ocasião do aniversário do Theatro circo, em Braga.

Já a estreia em palco do Coro de amigos e doentes oncológicos acontece em junho.

O Cordão é uma iniciativa da Faz Cultura ao abrigo do programa Partis & Art for Change, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação “la Caixa” e conta com o apoio do Hospital e da Liga Portuguesa contra o Cancro.

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