15 abr, 2025 - 19:31 • Tomás Anjinho Chagas
O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) alerta para os riscos da "inseminação caseira" e avisa que só os médicos podem fazer este procedimento, que pode ser um risco para a saúde da mulher.
Este alerta surge na sequência de notícias que dão conta da existência de mulheres que procuram engravidar em casa, com recurso a inseminações caseiras feitas com seringas, como relata a edição desta terça-feira do jornal Correio da Manhã, que dá conta de grupos nas redes sociais com este fim.
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Em declarações à Renascença, a presidente do CNECV, Maria do Céu Patrão Neves, avisa que esta prática pode ser contraproducente para quem quer vir a engravidar.
“Desde há muito que há rumores que algumas pessoas tentam fazer inseminação artificial de forma caseira. Em primeiro lugar, constitui um verdadeiro perigo para o corpo da mulher, quer em termos de higiene e de segurança, não estando afastada a possibilidade de lesões graves que possam dificultar uma tentativa de gravidez futura”.
A presidente do Conselho Nacional de Ética reconhece que as longas filas de espera para procriação medicamente assistida no Serviço Nacional de Saúde (SNS) podem estar a levar as pessoas a recorrer a meios próprios.
Ainda assim, Maria do Céu Patrão Neves fala num método pouco eficaz e vinca que só os médicos podem garantir uma inseminação segura.
“As pessoas têm muita dificuldade em distinguir o verdadeiro do falso e, às vezes, porque têm determinado nível de expectativas, acabam por acreditar na informação que as satisfaz mais. Este não é o caminho correto, nem nesta situação nem outra que diga respeito à nossa saúde e é preciso consultar os médicos especialistas”, apela a presidente do CNECV.
A especialista apela às pessoas que não acreditem em tudo o que leem nas redes sociais.
O Correio da Manhã divulgou esta terça-feira o testemunho de um dador de sémen, em que afirma que se limita a fazer a recolha do seu esperma para um copo e entregar.
“O processo de recolha e de inseminação deve durar no máximo 30 minutos, convém não perder muito tempo", diz João, nome fictício.
Segundo o jornal, é no Facebook, em grupos privados, que se encontram os homens dispostos a doar sémen e as mulheres que querem engravidar.
O CM entrou em alguns grupos de inseminação caseira - em Portugal e no Brasil – e verificou que são constituídos sobretudo por casais de lésbicas e mulheres solteiras, mas também casais heterossexuais.