17 abr, 2025 - 21:53 • Diogo Camilo , Anabela Góis e Lusa
Uma mulher grávida de 34 semanas de gémeos, residente na Moita, diz ter ficado quase três horas à espera de uma ambulância, antes de ser reencaminhada para a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa
A situação é denunciada pela Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM), que refere que a grávida de risco, que apresentava "complicações significativas", procurou inicialmente o Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro.
Após avaliação, foi aconselhada a voltar a casa e contactar a linha SNS24 para ser encaminhada para outro hospital, que lhe recomendou que se dirigisse ao Hospital São Francisco Xavier. Por impossibilidade de se deslocar, a mulher ligou para o 112. A ambulância chegou pelas 11h40, mas a equipa de socorro só conheceu o destino do transporte pelas 14h20, quase três horas depois.
No caso, que aconteceu esta quarta-feira, chegou a ser considerada a hipótese de encaminhamento para uma unidade hospitalar em Coimbra, denuncia o sindicato.
Em declarações à Renascença, Paulo Paço, da ANTEM, diz-se "muito preocupado" com a articulação entre os hospitais do SNS e o INEM no acompanhamento dos casos urgentes de grávidas.
"A situação causa preocupação e temos vindo reiteradamente a chamar a atenção para a fraca formação destas equipas nas ambulâncias e corpos de bombeiros para fazer face a situações mais complicadas como esta, que ocorreu ontem na zona da Moita. E prende-se também com a incapacidade do CODU em situações como esta, que causa estes constragimentos", refere.
Em reação, a Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR) diz que a grávida em causa recusou ser transferida para um hospital com cuidados intensivos neonatais.
Em reação, através de um comunicado enviado à agência Lusa, o conselho de administração da ULSAR adiantou que a grávida de gémeos foi observada na quarta-feira numa consulta de alto risco obstétrico no Hospital do Barreiro.
Na sequência desta avaliação clínica e ecográfica, a grávida apresentava risco elevado de parto pré-termo, avançou ainda a unidade local de saúde, assegurando que "foram iniciados contactos telefónicos para a transferência para um hospital com unidade de cuidados Intensivos neonatais, considerando a grande prematuridade".
"A grávida recusou a transferência, alegando a necessidade de resolver problemas familiares no domicílio", tendo sido informada dos riscos e assinado a "alta à sua responsabilidade e contra parecer médico", adiantou a ULSAR.
Perante isso, e de acordo com a ULS, os profissionais de saúde aconselharam a grávida a contactar a linha SNS 24 logo que possível, "referindo o risco de grande prematuridade e a necessidade de ser encaminhada para uma unidade hospitalar com cuidados neonatais diferenciados".
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que não confirmou o tempo de espera de cerca de três horas, adiantou à agência Lusa que "o pedido foi recebido no CODU através do SNS24", tendo sido acionados os Bombeiros Voluntários de Alcochete.
"Após avaliação da grávida, verificou-se que não estavam reunidas as condições clínicas necessárias ao transporte para Coimbra, onde existia vaga de neonatologia", referiu ainda o INEM, ao avançar que, posteriormente, foi "coordenado com a Direção Executiva do SNS o transporte da grávida para a Maternidade Alfredo da Costa".