01 jan, 2017 - 21:09 • Eunice Lourenço
O ano passado “foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro “, 2017 “tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado” – esta é a mensagem essencial da mensagem de ano Novo do Presidente da República, divulgada este domingo à noite. Na sua primeira mensagem como chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa salienta o que de positivo foi feito em 2016 e aponta o que importa agora fazer.
Muito ao seu estilo positivo, o Presidente começa por salientar os “passos em frente” dados em 2016. “É indesmentível que tivemos estabilidade social e política, que alcançámos até um acordo sobre salário mínimo, que os Orçamentos do Estado mereceram, a aceitação da União Europeia, que cumprimos as nossas obrigações internacionais, que trabalhámos para reforçar o sistema bancário, que compensámos alguns dos mais atingidos pela crise, que houve, da parte de mais responsáveis, uma proximidade em relação às pessoas, ao cidadão comum, partilhando os seus sonhos e anseios, as suas angústias e desilusões”, afirma Marcelo na mensagem gravada no Palácio de Belém.
Esses passou “pequenos que sejam” serviram para corrigir injustiças e criar “um clima menos tenso menos dividido, menos negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando o espectro de crise política iminente, de fracasso financeiro, de instabilidade social que, para muitos, era inevitável”.
Mas, prossegue o Presidente, “muito ficou por fazer”. E passa a elencar: “O crescimento da nossa economia foi tardio e insuficiente. Alguns domínios sociais sofreram com os cortes financeiros. A dívida pública permanece muito elevada. O sistema de justiça continua lento e, por isso, pouco justo, a começar na garantia da transparência da política. O ambiente nos debates entre políticos foi mais dramatizado do que na sociedade em geral.”
Ainda assim, o balanço é positivo. “Entramos em 2016 a temer o pior. Saímos a acreditar que somos capazes de melhor”, afirma Marcelo que faz questão de lembrar a vitória no campeonato europeu de futebol e a eleição de António Guterres, mas também a organização da WebSummit, como vitórias que serviram para aumentar o amor-próprio dos portugueses e dar novo fôlego para um “novo tempo”.
Nesse tempo novo que se abre importa agora, prossegue o chefe de Estado, reafirmar princípios e saber o que é preciso fazer. Os princípios são: acreditar nas pessoas, no respeito da sua dignidade, das suas diferenças, dos seus direitos pessoais, políticos e sociais; acreditar na democracia, no Estado Social, no dever de construir a solidariedade e a paz, na Europa, na comunidade que fala português.
À luz destes princípios, Marcelo acredita que “o caminho para 2017 é simples”: não perder o que de bom houve em 2016 - como a estabilidade política, o rigor financeiro, a justiça social e a proximidade entre poder e o povo - e corrigir o que falhou.
“Completar a consolidação do sistema bancário, fomentar exportações, incentivar investimento, crescer muito mais, melhorar os sistemas sociais, mobilizar para o combate à pobreza, sobretudo infantil, e curar de uma Justiça que possa ser mais rápida e, portanto, mais justa”, enumera o Presidente, concluindo, então, com a frase que resume a sua mensagem: “ 2016, foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro. 2017, tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado”.
Ainda antes de terminar e sempre com um apelo à união como condição para o sucesso, Marcelo enuncia três momentos para que Portugal unido possam mostrar e celebrar essa união: a visita do Papa Francisco, a celebração dos 40 anos sobre a igualdade entre mulher e homem, na família, no Código Civil e a celebração dos 150 anos da abolição da pena de morte.